Após acordo, combatentes do grupo Wagner deixam cidade russa de Voronezh
Após lançar uma ofensiva paramilitar contra o governo de Vladimir Putin, o grupo de mercenários Wagner está saindo da cidade russa de Voronezh, de acordo com o governador da região, Alexander Gusev. "[A retirada] está correndo de maneira estável e sem incidentes", disse ele em comunicado divulgado neste domingo (25). Ontem houve um incêndio em um depósito de petróleo na região. Segundo o governador, as chamas já foram extintas.
Antes, eles já haviam deixado as instalações militares em Rostov-do-Don, cidade no sul da Rússia. O líder dos paramilitares, Yevgeny Prigozhin, está seguindo para o país vizinho Belarus após aceitar acordo intermediado pelo país para evitar o conflito armado. O acordo pôs fim à maior crise militar interna na Rússia desde o início do governo de Putin, em 1999.
O que aconteceu?
Prigozhin está a caminho de Belarus, e acusações contra ele foram retiradas, segundo anúncio do Kremlin. O líder da milícia desafiou frontalmente a autoridade de Putin, e disse que iria "até o fim" para depor o comando militar russo. Em várias ocasiões, ele acusou o exército russo de não equipar suficientemente seus mercenários ou de impor trâmites burocráticos para dificultar os avanços na guerra contra a Ucrânia, além de atribuir a si vitórias que, na verdade — segundo Prigozhin — foram obtidas graças aos mercenários.
Combatentes que se rebelaram também não serão processados. Os homens que desejarem poderão até ser readmitidos ao Exército russo, disse o Kremlin. O canal britânico Sky News relatou que os rebeldes foram aplaudidos ao deixar uma base militar em Rostov, no sul do país.
Para especialistas, episódio demonstra fragilidade do governo de Putin. "O fato que os mercenários conseguiram avançar quase 800 quilômetros sem encontrar nenhuma resistência marca a fraqueza do poder russo, que foi um mito durante 20 anos", disse o analista geopolítico Ulrich Bounat, pesquisador do Open Diplomacy Institute, à agência RFI.
"O homem que foi apontado publicamente pelo presidente russo como culpado de alta traição acaba por ser inocentado com uma espécie de passe livre para Belarus. Isso demonstra claramente a decadência do monopólio da violência legítima na Rússia", observou o pesquisador Nicolas Gosset, do Instituto Real de Defesa da Bélgica à agência.
A partir de agora, é tolerado pelo chefe do poder russo montar um motim armado e sair impune sem nenhuma forma de penalidade.
Nicolas Gosset, pesquisador do Instituto Real de Defesa da Bélgica
Eventos não afetam guerra na Ucrânia, diz Kremlin
A "operação militar especial" continua. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que o motim não afeta em nada o conflito com a Ucrânia. "Esse dia bastante difícil, cheio de eventos bastante trágicos de forma alguma afetará o curso da ofensiva", disse.
Ucrânia espera se beneficiar da instabilidade. Para o presidente Volodymyr Zelensky, "o mundo viu que as autoridades de Moscou não controlam nada além do caos".
O que provocou a rebelião?
Há meses, o líder do grupo Wagner se desentende com os comandos militares russos, aos quais responsabiliza pelas baixas em suas tropas no leste da Ucrânia.
Em várias ocasiões, ele acusou o exército russo de não equipar suficientemente seus mercenários ou de dificultar seus avanços com trâmites burocráticos, além de atribuir a si vitórias que, na verdade — segundo Prigozhin — foram obtidas graças aos combatentes do Wagner.
Neste sábado, Prigozhin acusou o comando militar russo de ordenar bombardeios contra as bases de seu grupo paramilitar e de ter matado muitos de seus combatentes.
O líder do grupo Wagner afirmou que é preciso "frear" as lideranças militares russas e prometeu "ir até o fim".
Mais tarde, afirmou que seus combatentes haviam derrubado um helicóptero militar russo e que tinham tomado várias instalações militares na cidade de Rostov.
O que é o grupo Wagner?
É um grupo paramilitar privado, que esteve envolvido em conflitos no Oriente Médio e na África, mas sempre negou sua participação.
No ano passado, Prigozhin admitiu ter fundado o grupo recrutando soldados em prisões russas em troca de anistia.
No leste da Ucrânia, seus paramilitares têm se posicionado na linha de frente.
Eles lideraram a tomada de Bakhmut, que se estendeu durante meses, e reivindicaram ter tomado a cidade para as tropas russas, embora a operação tenha causado muitas baixas ao grupo.
*Com informações da AFP e RFI
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.