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Professora de Harvard que estuda honestidade é acusada de fraude

Francesca Gino é acusada de adulterar resultados de pesquisa em uma pesquisa publicada em 2012 sobre honestidade em relatórios para empresas e governo - Divulgação
Francesca Gino é acusada de adulterar resultados de pesquisa em uma pesquisa publicada em 2012 sobre honestidade em relatórios para empresas e governo Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/06/2023 21h07

Uma professora de Harvard que estuda assuntos envolvendo comportamento e psicologia, como a honestidade, foi denunciada por fraude por conta de uma pesquisa com resultados que teriam sido falsificados, nos Estados Unidos.

O que aconteceu

Um blog administrado por três cientistas comportamentais publicou evidências de que os resultados de um estudo de Francesca Gino para um artigo de 2012 haviam sido falsificados, segundo os jornais The New York Times e The Guardian. Ao todo, são "dezenas" de artigos tratados como suspeitos de fraude.

O artigo em questão envolve um experimento que solicitou aos participantes que preenchessem formulários de impostos e seguros. O estudo afirmava ter descoberto que os participantes solicitados a assinar declarações de veracidade no topo da página eram mais honestos do que aqueles que foram solicitados a assinar as declarações na parte inferior da página.

O coautor do estudo, o professor Max Bazerman, afirmou que a universidade forneceu um documento de 14 páginas que incluía "evidências convincentes" de falsificação de dados, incluindo a descoberta de que alguém acessou um banco de dados para adicionar e alterar dados no arquivo.

Os autores da denúncia alegaram ter "evidências de fraude em artigos que abrangem mais de uma década, incluindo artigos publicados recentemente (em 2020)". "No outono de 2021, compartilhamos nossas preocupações com a Escola de Negócios de Harvard. Especificamente, escrevemos um relatório sobre quatro estudos para os quais acumulamos as evidências mais fortes de fraude. Acreditamos que muitos outros artigos escritos por Gino contenham dados falsos. Talvez dezenas".

Eles citaram um registro digital contido em um arquivo do Excel para demonstrar que alguns dos pontos de dados haviam sido adulterados e que a adulteração contribuiu para o resultado.

Repercussão do caso

Maurice Schweitzer, cientista comportamental da Universidade da Pensilvânia, disse que as acusações estão causando grandes "repercussões na comunidade acadêmica" porque Francesca é alguém que tem "tantos colaboradores, tantos artigos e é realmente uma estudiosa líder na área".

Schweitzer disse que agora está revisando os oito artigos nos quais colaborou com Francesca em busca de indicações de fraude, e que muitos outros estudiosos estão fazendo o mesmo.

Bazerman negou qualquer envolvimento na suposta adulteração de dados, dizendo que não "teve nada a ver com a fabricação" dos dados da pesquisa. A Escola de Negócios de Harvard se recusou a comentar

Já Francesca Gino não respondeu às denúncias. Por telefone, um homem que se identificou como marido dela disse que, "obviamente", é uma acusação "muito delicada sobre o qual não podemos falar agora".