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Família quer exame de DNA antes de enterrar brasileira morta na Ucrânia

Do UOL, em São Paulo

13/08/2023 04h00Atualizada em 13/08/2023 12h00

A família de Thalita do Valle, voluntária brasileira que morreu em um bombardeio na guerra na Ucrânia no dia 1º de julho de 2022, quer fazer um exame de DNA antes de enterrar as cinzas entregues pelo governo ucraniano. Quatro brasileiros foram mortos em combate no país europeu, segundo o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores).

Extrair DNA de cinzas, no entanto, é algo extremamente raro, já que a cremação destrói matéria orgânica.

O que aconteceu

Família quer confirmar que as cinzas pertenciam a Thalita. Theo Rodrigo Vieira, irmão da combatente paulista, diz que os parentes solicitarão o DNA.

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Os parentes contestam as informações sobre a causa da morte. E dizem que mantêm contato com o Itamaraty na esperança de recuperar os pertences da vítima.

A informação que chegou é de que a Thalita morreu asfixiada por inalar fumaça, mas não foi feita uma perícia séria.
Theo Rodrigo Vieira, irmão da vítima

A família também relata uma possível tentativa de golpe. "Uma pessoa conhecida internacionalmente como estelionatária entrou em contato com a família dizendo ser amiga da minha irmã e pedindo documentos dela", declara Theo.

Ainda houve o sumiço dos pertences da Thalita, com mais de R$ 70 mil em bagagem militar. Infelizmente, a Legião Estrangeira virou reduto de pessoas corruptas.
Theo Rodrigo Vieira

Procurado pelo UOL, o Itamaraty disse que não repassa informações detalhadas sobre os casos envolvendo brasileiros mortos na guerra Rússia x Ucrânia para preservar a privacidade das famílias.

Com as cinzas, vieram uma placa de agradecimento em português e a bandeira da Ucrânia. Essas homenagens não fazem sentido para a família. Fizemos só uma cerimônia simbólica, mas pretendemos fazer exame de DNA para verificar se as cinzas são dela e fazer o sepultamento.
Theo Rodrigo Vieira

Os restos mortais de três dos brasileiros mortos na guerra foram enviados pelo governo ucraniano ao aeroporto de Guarulhos (SP). Junto com as cinzas, o governo ucraniano também enviou medalhas em homenagem aos combatentes mortos.

Os brasileiros mortos na guerra

André Hack Bahi foi o 1º brasileiro morto na Ucrânia Imagem: Reprodução/Instagram

O gaúcho André Hack Bahi foi o primeiro combatente brasileiro morto em confronto na Ucrânia. Veterano de guerras anteriores, ele morreu em junho de 2022 em combate em Sieverodonetsk, um dos principais campos de batalha no leste ucraniano.

Os restos mortais dele só chegaram ao Brasil em dezembro, seis meses após a sua morte. As cinzas foram jogadas pela família em uma praia do Ceará.

Douglas Búrigo, 40, morreu na mesma explosão que vitimou Thalita Imagem: Arquivo pessoal

Thalita do Valle morreu no mesmo bombardeio que vitimou o gaúcho Douglas Búrigo, no dia 1º de julho de 2022, na cidade de Kharkiv. As cinzas de Búrigo foram entregues à família no dia 20 de setembro do ano passado.

Búrigo revelou medo de morrer em áudio enviado a um amigo dias antes do bombardeio. "Tô apavorado aqui já. Abateram um colega nosso aqui. Rapaz, eu vou te falar bem a verdade. Não sei se volto vivo para o Brasil. Se eu não voltar, eu quero que vá a bandeira [do Brasil] pra mim", disse.

Antônio Hashitani foi o 4º brasileiro morto na Ucrânia Imagem: Reprodução/Redes Sociais

O paranaense Antônio Hashitani foi o quarto brasileiro morto na guerra da Ucrânia. Ele estava em um bunker bombardeado por russos no último dia 2 de agosto, próximo à cidade de Bakhmut. As informações foram repassadas por voluntários aos parentes dele. A morte foi confirmada pelo Itamaraty.

Hashitani era estudante de Medicina e havia trancado a sua matrícula para viajar para a Tanzânia, na África, em abril deste ano. Lá, ele participava de um projeto social e sonhava em construir uma escola para crianças carentes. Após viajar para a Tanzânia, Hashitani se alistou junto às tropas ucranianas sem avisar a família.

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