Sete mortes: o que se sabe sobre enfermeira serial killer de bebês

A enfermeira Lucy Letby, 33, que matou sete bebês na Inglaterra, foi condenada hoje à prisão perpétua. Ela, que é a quarta mulher na Grã-Bretanha a ser condenada a prisão perpétua, se recusou a comparecer à audiência em um tribunal de Manchester, no norte da Inglaterra.

Durante o julgamento, que começou em outubro de 2022, vários ex-colegas de trabalho disseram ter presenciado comportamentos incomuns da enfermeira.

Confira tudo o que se sabe sobre Lucy Letby e os crimes:

Quem é Lucy Letby e onde ela trabalhou?

Lucy Letby nasceu em 4 de janeiro de 1990 e cresceu em um bairro de classe média na cidade de Hereford, de acordo com a BBC. Ela se formou em enfermagem pela Chester University em 2011.

Após se formar, ela trabalhou no Liverpool Women's Hospital, conforme publicado pelo The Sun. Mas foi na cidade de Chester, perto de Liverpool, no norte da Inglaterra, que os crimes aconteceram.

A enfermeira começou a trabalhar na unidade neonatal do Countess of Chester Hospital, principal unidade de saúde da cidade de Chester, em 2011. Segundo a People, em um perfil de 2013 publicado no jornal local Chester Standard, ela descreveu seu trabalho como "cuidar de uma ampla gama de bebês que exigem vários níveis de suporte".

Em Chester, ela morava sozinha em uma casa geminada. De acordo com o The Guardian, seus vizinhos eram aposentados ou casais com filhos e raramente viam a jovem, que se mudou para a casa em março de 2016.

Ela já foi escolhida como o rosto de uma campanha de arrecadação de fundos pelo hospital em que trabalhava e apareceu em um pôster, ainda conforme revelado pela publicação britânica. Em 2012, inclusive, Lucy Letby apareceu em uma foto segurando um bebê como parte de uma reportagem sobre uma pessoa que havia doado dinheiro para a causa.

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Do que enfermeira foi acusada?

Letby foi acusada de assassinar sete bebês e tentar matar mais 10 entre 2015 e 2016, no Countess of Chester Hospital.

A enfermeira usava métodos para matar as crianças com base em seus conhecimentos técnicos, indicam as investigações.

Entre as técnicas, estava injetar ar na corrente sanguínea e no estômago das crianças, envenená-las com insulina ou dar doses muito grandes de leite. O objetivo era fazer com que os colegas de hospital acreditassem que as mortes tinham tido causadas naturais. A motivação dos crimes ainda é incerta.

Em um bloco de anotações encontrado durante buscas da polícia em sua casa, Lucy escreveu: "Eu sou má".

Eu sou uma pessoa horrível e má. Eu sou má e fiz isso.

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Como Letby foi pega?

Ravi Jayaram, um médico do hospital, suspeitou sobre o comportamento de Letby e levou o caso à administração do hospital em 2015 e 2016, mas foi ignorado. Também de acordo com a People, o doutor disse ter visto Letby de pé ao lado de uma criança com o tubo de respiração desalojado, observando os níveis de oxigênio do bebê caindo e sem fazer nada. Ele interveio, mas o bebê morreu três dias depois.

Somente em maio de 2017 a polícia começou sua própria investigação sobre as mortes, depois de ter sido alertada pelo hospital sobre o comportamento suspeito da enfermeira.

Desde então, ela foi presa três vezes por suspeita de envolvimento com as mortes: primeiro em 2018 e depois em 2019 — ela foi solta nas duas vezes. Letby foi mantida sob custódia somente após a prisão em novembro de 2020.

Quem eram as vítimas?

As primeiras vítimas eram gêmeos. O menino tinha apenas um dia de vida quando morreu em junho de 2015. Sua irmã sobreviveu a uma tentativa de homicídio.

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Um ano depois, quando bebês trigêmeos morrerem em um intervalo de 24 horas, Letby foi afastada da unidade neonatal e remanejada para o setor administrativo do hospital.

Segundo a acusação, a enfermeira teria nutrido um interesse incomum pelas famílias das vítimas, pesquisando sobre a vida deles nas redes sociais e chegando até mesmo a enviar uma mensagem de condolências a pais enlutados de um dos recém-nascidos.

O julgamento

Letby foi considerada culpada de 14 das 22 acusações que enfrentou. O julgamento começou em outubro de 2022 e aconteceu no Manchester Crown Court. Segundo a People, durante as audiências, vários ex-colegas de trabalho da enfermeira disseram ter testemunhado um comportamento incomum dela.

A enfermeira se declarou inocente de todas as acusações. Em maio deste ano, Letby se pronunciou em sua própria defesa e disse ao júri que não quis fazer mal aos bebês durante seu tempo trabalhando no Countess of Chester Hospital. "Eu sempre fiz o meu melhor para cuidar deles", disse. "Isso é totalmente contra tudo o que é ser enfermeira. Estou ali para cuidar e não prejudicar", continuou.

Dias depois, Letby alegou no tribunal que as mortes poderiam estar relacionadas a supostos problemas de encanamento no hospital. "Costumávamos ter esgoto saindo das pias [e] saindo no chão do berçário", alegou ela, dizendo também que o fato de os funcionários não conseguirem lavar as mãos poderia ser "um problema contributivo".

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O promotor Nick Johnson afirmou que, antes de janeiro de 2015, as mortes na unidade neonatal do Chester Hospital eram estatisticamente comparáveis a outros hospitais. No entanto, durante o tempo em que Letby foi enfermeira neonatal, explicou ele, houve um "aumento significativo" no número de "bebês que estavam morrendo e no número de colapsos catastróficos graves".

Johnson também descreveu Letby como uma assassina "fria, calculista, cruel e implacável".

De acordo com o The Sun, a polícia teme que Letby possa estar por trás de mais ataques em outros hospitais onde ela trabalhava.

Acredita-se que ela ficará sob vigilância de suicídio por alguns meses na ala hospitalar da prisão enquanto especialistas avaliam sua saúde mental e física, segundo o The Mirror. Por isso, levará algum tempo até que Letby seja integrada a outras prisioneiras. Este seria um procedimento rotineiro para todos os presos considerados culpados de assassinato, na suposição de que qualquer um que enfrente décadas de prisão pensará em tirar a própria vida.

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