Conteúdo publicado há 8 meses

Forte terremoto no Marrocos deixa ao menos 2.012 mortos e 2.059 feridos

Um forte terremoto de 6,8 de magnitude atingiu o centro de Marrocos nesta sexta-feira (8) à noite, com epicentro próximo à cidade turística de Marrakech, e deixou ao menos 2.012 mortos e 2.059 feridos — sendo 1.404 em estado grave —, segundo um novo relatório do Ministério do Interior publicado na noite de sábado (9). Segundo o Itamaraty, até o momento não há informações de brasileiros mortos ou feridos.

O que aconteceu:

O terremoto ocorreu a 71 km a sudoeste de Marrakech, Patrimônio Mundial da Unesco, a uma profundidade de 18,5 km, às 23h11 no horário local (19h11 do horário de Brasília), de acordo com o USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos).

Um total de 1.293 pessoas morreram na província de Al Haouz e 452 na província de Taroudant, ambas localizadas ao sul de Marrakech, informou o ministério em comunicado. As províncias e municípios de Al Hauz, Marrakech, Ouarzazate, Azilal, Chichaoua e Taroudant registraram centenas de vítimas, afirmou o governo em comunicado.

Este foi o terremoto mais forte a atingir a região nos últimos 100 anos, pelo menos, estima o USGS. "A população nesta região vive em estruturas altamente vulneráveis a abalos sísmicos", afirmou o serviço americano.

Os hospitais estão sobrecarregados. O centro regional de doação de sangue pede a mobilização da população.

Edifícios caíram em razão dos tremores e a população precisou sair de casa. A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que mais de 300 mil pessoas foram afetadas em Marrakech e nos arredores.

Não há brasileiros entre os mortos e os feridos do terremoto, informou o embaixador do Brasil no Marrocos, Alexandre Parola.

O Marrocos declarou três dias de luto nacional após o terremoto mortal. A informação foi divulgada em um comunicado da corte real na noite do sábado (horário local). A bandeira nacional será hasteada a meio mastro em todo o país. Além disso, as Forças Armadas enviarão equipes de resgate para fornecer às áreas afetadas água potável, alimentos, barracas e cobertores aos necessitados.

Mapa indica epicentro do terremoto de magnitude 6,8 no Marrocos
Mapa indica epicentro do terremoto de magnitude 6,8 no Marrocos Imagem: Reprodução/USGS
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Alguns vilarejos ficaram completamente destruídos. Diante da falta de estradas acessíveis, os moradores tiveram que esperar durante toda a noite até que as primeiras equipes de socorro pudessem chegar às zonas mais atingidas. Helicópteros da polícia foram mobilizados para ajudar nas operações de socorro nos vilarejos mais isolados.

O choque foi sentido até na Argélia, país vizinho, mas não houve registro de vítimas e danos.

O Centro Nacional para a Pesquisa Científica e Técnica, sediado em Rabat, disse que o terremoto teve magnitude 7.

'Nunca vivi algo tão violento': o relato de moradores

Testemunhas falam de cadáveres empilhados nas ruas, entre as casas destruídas. A população está protegendo os corpos das vítimas com cobertores, esperando para que possam ser sepultados.

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"Nunca vivi algo tão violento. Não consegui dormir desde então", relata uma moradora de Marrakech. "Eu tento dormir, pois passei uma noite em claro, mas não consigo, pois estou com medo das réplicas", completa.

"O pânico era visível nas ruas", contou à RFI Abderrahim, outro morador de Marrakech. "As pessoas saiam de suas casas carregando cobertores e colchões, pois ninguém queria passar a noite em casa. Tinha engarrafamentos imensos. Muitos estacionavam seus carros para dormir no acostamento".

Vídeos compartilhados nas redes sociais (veja abaixo) mostram destroços caindo em becos estreitos, objetos sendo derrubados de prateleiras e o desespero das pessoas em estabelecimentos durante os tremores.

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'Nossos vizinhos estão sob os escombros'

Montasir Itri, morador da aldeia montanhosa de Asni, perto do epicentro, disse que a maioria das casas foram danificadas. "Nossos vizinhos estão sob os escombros e as pessoas estão trabalhando duro para resgatá-los usando os meios disponíveis na aldeia", afirmou.

Mais a oeste do epicentro, perto de Taroudant, o professor Hamid Afkar declarou que fugiu de casa e que ocorreram tremores secundários após o terremoto inicial.

A terra tremeu durante cerca de 20 segundos. As portas abriram e fecharam sozinhas enquanto eu descia correndo as escadas do segundo andar.
Hamid Afkir, professor

Por volta das 23h, sentimos uma sacudida muito forte, percebi que era um terremoto. Via os prédios se movendo. Não temos reflexos para esse tipo de situação. Depois, saí e havia muita gente do lado de fora. As pessoas estavam em choque e pânico. As crianças choravam, os pais estavam desamparados.
Abdelhak el Amrani, um morador de Marrakech, à AFP

Fayssal Badour, 58, voltava para casa quando o terremoto aconteceu. "Eu parei e percebi a catástrofe. Era muito sério (...) Os gritos e os choros eram insuportáveis", relatou.

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Mobilização internacional

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que "a França está pronta para ajudar nos primeiros socorros". A chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, também disse que seu país se coloca à disposição para "apoiar o Marrocos nessa situação de urgência".

A Argélia, que rompeu relações diplomáticas com Marrocos em 2021, durante uma crise entre os dois países, enviou uma mensagem de condolência "ao povo irmão". Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Israel e Iraque também ofereceram ajuda.

O governo brasileiro manifestou solidariedade ao povo marroquino. "Não há, até o momento, notícia de brasileiros mortos ou feridos. A Embaixada do Brasil em Rabat trabalha em regime de plantão, e pode ser contatada pelo telefone +212661168181 (inclusive WhatsApp)", diz comunicado.

Histórico

Marrocos está localizado em uma região propensa a terremotos devido à sua posição entre as placas tectônicas africana e euroasiática.

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Em 2004, ao menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto atingiu Alhucemas, no nordeste do país.

Em 1980, o terremoto em El Asnam, na Argélia, com uma magnitude de 7,3, foi um dos terremotos mais destrutivos da história contemporânea. Resultou na morte de 2.500 pessoas e deixou pelo menos 300 mil pessoas desabrigadas.

(Com AFP, Reuters e RFI)

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