Análise: Falta de reação à punição coletiva de Israel a Gaza é o que choca
Colaboração para o UOL, em São Paulo
12/10/2023 13h12
A falta de reações governamentais ao corte de suprimentos à Faixa de Gaza, que atinge toda a população civil da região, é o mais chocante na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas em termos oficiais. A análise é do professor de relações internacionais Reginaldo Nasser, em participação no UOL News.
Essas declarações de desprezo pelo povo árabe, mais aos palestinos, são frequentes. De tudo o que aconteceu em termos oficiais e governamentais, é a mais grave. O corte de água, de energia e de alimento não é do Hamas; é da população. Ele disse explicitamente que está fazendo uma punição coletiva. Pior ainda é a reação a essa declaração: não houve. Não vi ninguém, falando em governos, reagir a isso, o que é mais chocante. Reginaldo Nasser, professor de relações internacionais
Nasser condenou as declarações de Israel Katz, ministro da Energia, que disse não fornecer água, eletricidade ou combustíveis à Faixa de Gaza até que todos os reféns israelenses sejam libertados. Para o professor, o silêncio dos mais diferentes países sobre a situação dos palestinos revela o isolamento deste povo dentro do contexto mundial.
Isso reflete o isolamento dos palestinos no mundo, o que já vem de há muito tempo. Ninguém se manifesta, ninguém se propõe. A Arábia Saudita fez uma nota dura, mas parou por aí e fez o dever de casa. Com o Egito, não há nem diálogo. A fronteira está fechada. É uma situação complicada porque não se vê perspectiva de diplomacia, nem de diálogo. Reginaldo Nasser, professor de relações internacionais
Tão logo resolva guerra com Hamas, Netanyahu deve cair, projeta professor
Reginaldo Nasser avaliou que Benjamin Netanyahu está em situação política delicada. O professor projeta que o primeiro-ministro de Israel não deve resistir às pressões, principalmente pelas falhas de segurança e do sistema de inteligência do país com relação aos ataques do Hamas, e deixará o cargo assim que o conflito se encerrar.
Em curto prazo, é difícil ele cair. Mas a questão da segurança é tão grave que dá margem a boatos de facilitação para o Hamas entrar no território de Israel. O fato é que falhou e isso será cobrado. Só não está sendo cobrado politicamente agora, mas a conta vai vir. Pelo que se diz em Israel, tão logo se resolva essa questão de Gaza ele [Netanyahu] cai. Reginaldo Nasser, professor de relações internacionais
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