Novato na política: Quem é Javier Milei, presidente eleito da Argentina
Novato na política, o economista de ultradireita Javier Milei (Liberdade Avança) foi eleito Presidente da Argentina neste domingo (19).
Quem é Javier Milei
Formado em Economia pela Universidade de Belgrano, é considerado um outsider na política — foi eleito deputado federal em 2021 e ficou conhecido por participações em talk shows.
Milei se declara "anarcocapitalista", corrente ultraliberal que defende privatizações e ausência do Estado.
O economista, de 52 anos, foi votado por 55,7% dos eleitores, segundo resultado parcial oficial, com 99% das urnas apuradas. Ele disputou contra o ministro da Economia do país, Sergio Massa (União pela Pátria), que teve 44,3% dos votos.
Nascido em Buenos Aires, Milei cresceu em um lar violento e sofreu bullying na escola, onde ganhou o apelido de "o louco". Filho de um motorista de ônibus que acabou sendo empresário do transporte e de uma dona de casa, costumava dizer que os pais "estavam mortos" e o contato só foi retomado na pandemia.
Durante a adolescência, foi goleiro do Chacaritas Juniors, teve uma banda cover dos Rolling Stones e adotou o cabelo despenteado — diz não se pentear desde os 13 anos.
Uma de suas propostas polêmicas é dolarizar a economia e abandonar o desvalorizado peso argentino. Já falou em fechar o Banco Central e facilitar a posse de armas de fogo para a população. Chamou as mudanças climáticas de "farsas da esquerda" e considera a educação sexual como uma manobra para destruir a família.
Nos últimos dias de eleição, Milei intensificou o tom raivoso contra a "casta política" (políticos e empresários que têm relações comerciais com o Estado) e contra o "kirnherismo".
Conhecido por polêmicas
Ficou conhecido por causa das participações em talk shows e é deputado na câmara baixa do Congresso desde 2021. Em 2017, lançou um programa de rádio batizado de "Derrubando Mitos" e começou a participar de programas do horário nobre da TV. Nas redes sociais, tem milhões de seguidores — só no Instagram são 2 milhões. Ele rifou seu salário como deputado, em um gesto de desprezo com os benefícios dos políticos.
Milei quer tornar mais fácil a posse de armas de fogo e levantou a venda de órgãos como "mais um mercado". Para ele, se trata de uma transação comercial entre pessoas adultas na qual o Estado não deve interferir. Dias depois, ao ser questionado sobre a venda de crianças, respondeu: "Se eu tivesse um filho, não o venderia. A resposta depende de quais termos você está pensando, talvez daqui a 200 anos isso possa ser debatido".
É admirador dos ex-presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro. Amigo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ligou para Bolsonaro quando ele foi derrotado por Lula (PT) nas eleições do ano passado para "felicitá-lo pelo excelente resultado" e não parabenizou o petista "muito menos o povo brasileiro", segundo reportagem da revista Piauí.
Ele já chamou as mudanças climáticas de "farsas da esquerda". É a favor do casamento gay, contra o aborto — prática legalizada na Argentina em 2020 — e classifica a educação sexual como uma manobra para destruir a família.
Milei recorre à leitura de tarô da irmã, Karina, para avaliar em quem pode confiar, segundo o jornal La Nación. Figura mais próxima do candidato, ela coordena a campanha presidencial e é chamada de "o chefe" — no masculino — pelo irmão.
Solteiro, o candidato tem cinco cachorros que chama de "filhos de quatro patas". Eles são da raça mastiff e se chamam Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas.
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