Trump é condenado a pagar mais de US$ 80 milhões a jornalista por difamação

Um júri federal condenou o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a pagar US$ 83,3 milhões (cerca de de R$ 409,5 milhões) à jornalista e escritora E. Jean Carroll por negar acusações de estupro e fazer declarações públicas difamatórias em 2019.

O que aconteceu

Valor pedido inicialmente pela jornalista era de US$ 10 milhões. A indenização definida hoje, porém, incluiu US$ 11 milhões (R$ 54 milhões) por danos à reputação de Carroll, US$ 7,3 (R$ 35,8 milhões) milhões por danos morais e US$ 65 milhões (R$ 319,5 milhões) em danos punitivos. A escritora processou Trump em novembro de 2019, acusando-o de destruir sua reputação como jornalista.

Advogada de Carroll acusou Trump de agir como se estivesse acima da lei. "Ele acha que, com sua riqueza e poder, pode tratar a sra. Carroll como quiser e não sofrerá consequências. (...) Este julgamento é para fazê-lo parar, de uma vez por todas. É hora de fazê-lo pagar", afirmou Roberta Kaplan, segundo a NBC News.

Júri precisou de menos de três horas para chegar ao veredicto. O colegiado era composto por sete homens e duas mulheres, e o julgamento levou cinco dias, no total.

"Absolutamente ridículo", disse o ex-presidente sobre a decisão. "Discordo totalmente dos veredictos e vou recorrer de toda essa caça às bruxas comandada por [Joe] Biden e focada em mim e no Partido Republicano. Nosso sistema jurídico está fora de controle e sendo usado como uma arma política. Isto não é os Estados Unidos!", escreveu o ex-presidente em sua rede social (Truth Social).

Como Trump vai recorrer, Carroll ainda não receberá o dinheiro. No ano passado, o ex-presidente depositou US$ 5,5 milhões (R$ 27 milhões) em uma conta controlada pelo Judiciário para satisfazer as exigências do julgamento. Mas a jornalista não vai ter acesso ao dinheiro — e nem à indenização completa — até que se esgotem as possibilidades de recurso.

Acusações

Carroll processou Trump após ex-presidente negar que a havia estuprado. O estupro, de acordo com a escritora, aconteceu em 1996, no camarim de uma loja de departamentos Bergdorf Goodman, em Nova York. Em 2019, Trump afirmou que nunca tinha ouvido falar de Carroll e que ela havia inventado a história para "aumentar as vendas de seu livro de memórias".

Jornalista disse ter sido alvo de ataques contínuos após declarações de Trump. Ao júri, Carroll também ter recebido repetidas ameaças de morte nos últimos quatro anos.

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Outro júri já havia concedido a Carroll uma indenização de US$ 5 milhões. Em maio de 2023, os jurados entenderam que Trump abusou sexualmente de Carroll em 1996 e ainda a difamou em 2022, ao negar novamente o estupro. Do valor total, quase US$ 3 milhões (R$ 14,7 milhões) se referem à compensação pela difamação, segundo a CNN. O ex-presidente ainda recorre da decisão.

Eleições

Trump tem usado batalhas judiciais para impulsionar sua campanha à Presidência. Ao todo, o republicano enfrenta 91 acusações em quatro indiciamentos — incluindo dois casos em que supostamente tentou reverter, de forma ilegal, sua derrota nas eleições de 2020.

Ex-presidente declarou ser inocente em todos os processos. Trump também tem repetido que é vítima de "mentiras" com motivação política. Em novembro, o republicano deve concorrer à Casa Branca contra o democrata Joe Biden, atual presidente dos EUA.

(*Com AFP e Reuters)

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