Conteúdo publicado há 10 meses

França e Japão se juntam aos EUA e cortam ajuda à agência da ONU em Gaza

França e Japão anunciaram hoje que vão cortar o financiamento à agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês). Outros nove países já adotaram medidas semelhantes desde que funcionários do órgão foram acusados de envolvimento no ataque do Hamas a Israel, em outubro passado.

O que aconteceu

França disse não planejar novos pagamentos à UNRWA até abril. "A França vai decidir em momento oportuno, junto dos demais principais doadores da ONU, se continuará [os repasses], garantindo que todos os requerimentos de segurança e transparência sejam cumpridos", disse o Ministério das Relações Exteriores em nota.

Japão demonstrou "extrema preocupação" com as acusações. "Em resposta, o Japão decidiu suspender temporariamente o financiamento [da agência] enquanto a UNRWA investiga o assunto", afirmou o Ministério das Relações Exteriores japonês. Enquanto isso, o país promete continuar fazendo esforços diplomáticos para "melhorar a situação humanitária na Faixa de Gaza".

Outros nove países já haviam anunciado medidas semelhantes. São eles: EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido, Alemanha, Itália, Holanda, Suíça e Finlândia.

ONU pediu a países que revejam posição. "Essas decisões ameaçam a continuidade do nosso trabalho humanitário na região, principalmente na Faixa de Gaza", disse o diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini. "A UNRWA é a principal agência humanitária em Gaza, com mais de 2 milhões pessoas que dependem dela para sobreviver".

Entenda o caso

Funcionários da UNRWA foram acusados de envolvimento com o Hamas no ataque a Israel. Eles foram demitidos na última sexta-feira (26), e a ONU disse ter aberto uma investigação para "estabelecer a verdade" o quanto antes.

Governo israelense pediu fim das atividades da agência em Gaza. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse querer que a UNRWA interrompa suas atividades no território palestino ao fim da guerra.

Crise amplia tensão entre o governo de Israel e a cúpula da ONU. A entidade é acusada desde o começo da guerra de não agir "de forma suficiente" contra o Hamas. Em 7 de outubro, combatentes do grupo extremista mataram 1.140 israelenses e sequestraram outros 250.

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Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza. Os contínuos ataques à região já causaram mais de 26 mil mortes, segundo o último boletim do Ministério da Saúde da Palestina, divulgado hoje.

Noruega declarou que vai continuar a financiar agência. "Apoio internacional à Palestina é mais necessário do que nunca", disse o escritório de representação norueguesa na Palestina nas redes sociais. "Precisamos distinguir o que indivíduos podem ter feito do que a UNRWA faz. A organização [...] tem um papel crucial de distribuir ajuda, salvar vidas e resguardar necessidades e direitos básicos".

O que é a UNRWA

Trabalhadores da UNRWA em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza
Trabalhadores da UNRWA em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza Imagem: MAHMUD HAMS - 25.out.2023/AFP

A UNRWA foi criada em dezembro de 1949 pela Assembleia Geral da ONU. Sua implantação se deu após o primeiro conflito árabe-israelense, que eclodiu depois da criação do Estado de Israel em maio de 1948. A agência fornece assistência humanitária e proteção aos refugiados palestinos registrados em sua área de operação, "à espera de uma solução justa e duradoura para sua situação".

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Braço da ONU é financiado quase inteiramente por contribuições voluntárias. Os cinco principais doadores são, em ordem, Estados Unidos, Alemanha, União Europeia, Suécia e Noruega. Também contribuem Turquia, Arábia Saudita, Japão e Suíça.

Agência também opera no Líbano, na Jordânia e na Síria. Há mais de 5,9 milhões de pessoas cadastradas para receber apoio da UNRWA.

Na Faixa de Gaza, situação humanitária era crítica mesmo antes da guerra. Segundo dados divulgados pela ONU em agosto do ano passado, 63% dos habitantes enfrentavam o cenário de insegurança alimentar e dependiam de ajuda internacional, enquanto mais de 80% viviam em condições de pobreza.

(*Com AFP)

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