'Diplomacia dos pandas': por que a China presenteia outros países com ursos

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, ofereceu enviar à Austrália dois pandas durante sua visita ao país nesta semana. O gesto, curioso, sinaliza boa perspectivas na relação diplomática entre os dois países.

'Diplomacia dos pandas'

Animais nativos da China, os pandas tornaram-se, ao longo dos anos, "enviados da amizade". Assim, a abordagem da China de presentear outros países com esses animais recebeu a denominação de "diplomacia dos pandas".

Desde a sua fundação em 1949, a República Popular da China tem usado a diplomacia do panda para impulsionar a sua imagem. O ex-líder chinês Mao Zedong presenteou a antiga União Soviética com um panda, Ping Ping, em 1957 para comemorar o 40º aniversário da Revolução de Outubro que deu início ao regime soviético.

Em 1972, os primeiros animais foram enviados como presente aos Estados Unidos. Isso ocorreu após a visita histórica do então presidente Richard Nixon ao país comunista. Desde então, outros países, incluindo Japão, França, Grã-Bretanha e Espanha, também receberam pandas.

Ida de Li à Austrália é a primeira de um líder chinês em sete anos, marcando a melhoria dos laços entre os dois países. A oferta dos animais ocorre após uma disputa diplomática que levou a China a impor uma série de restrições às exportações agrícolas e minerais australianas em 2020.

A China tem um histórico de usar pandas para recompensar os seus parceiros comerciais. Um estudo de 2013 da Universidade de Oxford concluiu que que o momento do aluguel de pandas pela China para o Canadá, França e Austrália "coincidiu com" acordos e contratos de urânio com esses países. Os "acordos panda" com outros países, incluindo Singapura, Malásia e Tailândia, também coincidiram com a assinatura de acordos de comércio livre.

Às vezes, os pandas também são usados para demonstrar a irritação do país com seus parceiros. Em 2010, a China quis de volta dois pandas nascidos nos EUA, Tai Shan e Mei Lan, depois que Pequim alertou Washington contra uma reunião agendada entre o então presidente Barack Obama e Dalai Lama, que Pequim considera um separatista perigoso.

Brasil na lista. No fim de maio, Pequim ofereceu enviar um casal de pandas para celebrar os 50 anos das relações com o Brasil e anunciou que entregará novamente dois animais ao Zoológico Nacional de Washington, nos EUA, até o final do ano.

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