Quem é Assange, fundador do WikiLeaks, e o que prevê acordo dele com os EUA

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, 52, foi libertado da prisão no Reino Unido e deve passar por uma audiência final depois de alcançar um acordo judicial com as autoridades dos Estados Unidos.

Quem é Assange

Nasceu em Townsville, na Austrália. Atraído pela computação de forma autodidata, entre 2003 e 2006 estudou Física e Matemática, além de Filosofia, na Universidade de Melbourne, sem concluir nenhuma graduação.

Desde os 16 anos envolveu-se com uma comunidade de hackers internacionais — International Subversives (Subversivos Internacionais), que chegou a lhe render problemas com a polícia australiana em 1991, após acusações de que teria invadido computadores de várias organizações. Ele chegou a conseguir acessar as redes da Nasa e do Pentágono com o pseudônimo "Mendax".

Em 2006, fundou e tornou-se editor do site WikiLeaks, uma plataforma onde denunciantes anônimos poderiam compartilhar informações e dados secretos. Mas foi em 2010 que ele e sua plataforma ficaram conhecidos. Na época, a analista de inteligência do exército norte-americano Chelsea Manning passou a publicar no WikiLeaks uma série de documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas dos EUA. Ela foi condenada a 35 anos de prisão por um tribunal militar, mas foi libertada depois de passar sete anos na prisão por decisão do governo do então presidente Barack Obama.

Essas informações divulgadas, incluíam 75.000 documentos relacionados à guerra no Afeganistão e cerca de 390.000 relatórios de campo do exército relacionados à guerra no Iraque. Segundo os promotores, isso teria colocado em risco também a vida de informantes dos Estados Unidos.

Assange vinha enfrentando uma série de batalhas judiciais para evitar a extradição para os Estados Unidos. O fundador do WikiLeaks foi preso pela polícia britânica em abril de 2019, depois de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, de onde tentou evitar a extradição para a Suécia em uma investigação por estupro, que foi arquivada no mesmo ano.

O que se sabe sobre o acordo

A Justiça dos EUA acusou Assange de até 18 crimes relacionados a violações da Lei de Espionagem, mas o acordo prevê que ele se declare culpado de uma única acusação: a de conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais.

O acordo prevê que ele seja condenado a 62 meses de prisão, o equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão de alta segurança de Belmarsh, no Reino Unido.

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Assange comparecerá nesta terça-feira (25) a um tribunal nas Ilhas Marianas, um território dos EUA no Oceano Pacífico, para finalizar o acordo que permitirá o seu retorno à Austrália. A audiência ocorrerá nas Ilhas Marianas devido à proximidade com a Austrália e à oposição de Assange em viajar para o território continental dos EUA.

O acordo alcançado não foi totalmente inesperado. O presidente dos EUA, Joe Biden, estava sob pressão para encerrar o caso de longa data. Em fevereiro, o governo australiano fez um pedido oficial nesse sentido, e Biden afirmou que iria considerar a questão, aumentando as esperanças entre os apoiadores do ativista de que fosse alcançada uma solução em breve. Até agora, o governo americano não apresentou evidências de que alguém tenha sido prejudicado devido à publicação dos documentos.

*Com AFP , Deutsche Welle e reportagem de 17/06/2022.

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