Presidente enfrentou general golpista: quem é quem no confronto na Bolívia
Colaboração para o UOL*
27/06/2024 13h51
A Bolívia sofreu ontem (26) uma tentativa de golpe de Estado por parte dos militares do país. Em movimentações consideradas anormais, eles colocaram tanques e tropas em frente à sede do governo, em La Paz. O ex-presidente Evo Morales convocou uma mobilização popular.
Confira quem são os principais envolvidos no confronto e suas posições políticas:
Luis Arce: o presidente
O economista de esquerda Luis Arce foi eleito presidente da Bolívia em outubro de 2020. A vitória dele marcou o retorno ao poder do MAS (Movimento ao Socialismo), 11 meses após a queda de Evo Morales em meio a protestos e denúncias de fraude eleitoral.
Morales, inclusive, apoiou Arce durante sua campanha. Hoje, no entanto, o ex-presidente é seu maior adversário para as eleições presidenciais de 2025. Essa disputa causou, inclusive, a expulsão de Arce de seu partido.
Diante do golpe de Estado, Arce pediu por uma mobilização popular. "O povo boliviano foi convocado", disse. Ainda no comunicado, o líder afirmou que a cidadania boliviana não pode permitir que "golpistas levem vidas bolivianas". O discurso se deu sob gritos de "Lucho (Luis Arce) não está só", ecoado por apoiadores do presidente.
Ele também nomeou três novos chefes para as Forças Armadas da Bolívia após a tentativa de golpe. Eles são: José Wilson Sánchez Velásquez (Exército); Geraldo Zabala Alvarez (Força Aérea) e Renán Wilson Guardia Ramírez (chefe da "Marinha" boliviana, conhecida como Armada). Depois do anúncio, militares que invadiram o Palácio Quemado se retiraram das imediações da sede do governo em La Paz.
Juan José Zúñiga: o general
O ex-comandante do Exército Juan José Zuñiga é o principal responsável pela tentativa de golpe. Ele havia sido demitido na terça-feira (25), e disse à imprensa que iria "trocar os ministros" e que "o país não pode continuar assim".
Crítica a Evo Morales. Zuñiga afirmou ainda que iria liberar todos os que chamou de "presos políticos", e criticou figuras antigas da política boliviana, como Evo Morales.
Momentos antes de receber voz de prisão, Zúñiga declarou em entrevista que Arce teria sinalizado que era necessário "preparar algo" para levantar a popularidade, dando a entender que o líder tinha conhecimento sobre a tentativa de golpe de Estado.
Agora, o ex-general vai responder por três crimes do Código Penal boliviano, segundo o ministro da Justiça do país, Ivan Lima Magne. Se condenado, a pena pode chegar a até 20 anos de prisão.
Evo Morales: o ex-presidente
Evo Morales assumiu a Presidência da Bolívia em 2006. Em 2019, ele era considerado o líder há mais tempo no poder na América Latina e tentava a sua quarta eleição consecutiva. O líder venceu o processo com dez pontos de vantagem (margem mínima necessária para evitar o segundo turno) sobre o rival Carlos Mesa, mas a apuração de votos foi interrompida durante quase um dia inteiro, o que provocou acusações de fraude e desencadeou protestos, greves e bloqueios de rodovias.
O ano de 2019 foi marcado pela instabilidade política no país. À época, o terceiro mandato de Morales foi interrompido por pressão de militares e opositores. Na ocasião, ele renunciou à presidência e afirmou ser vítima de um golpe "cívico-político-policial".
Apesar do histórico conturbado em sua relação com Arce, diante da tentativa de golpe de Estado, Morales convocou mobilização popular. "Convocamos uma Mobilização Nacional para defender a Democracia frente ao golpe de Estado que é gestado e liderado pelo general Juan José Zuñiga, comandante do exército", afirmou em outra mensagem na rede social.
*Com AFP