De Charles Manson a Jodie Foster: o que motivou 8 ataques políticos nos EUA
O ataque a tiros contra Donald Trump em um comício na Pensilvânia, no sábado (13), integram uma longa lista de atentados contra presidentes, ex-presidentes e até candidatos nos Estados Unidos. Desde 1835, houve ao menos 16 casos, e, em oito deles, as motivações foram dadas esclarecidas — que vão desde uma conspiração entre derrotados na Guerra Civil até uma obsessão pela atriz Jodie Foster.
Andrew Jackson, 1835
Jackson passou ileso por duas tentativas de assassinato. O presidente saía do prédio do Capitólio quando foi abordado por Richard Lawrence, um inglês que trabalhava como pintor de paredes. Lawrence apontou uma pistola em direção a Jackson e apertou o gatilho, mas a arma falhou. O pintor sacou uma segunda pistola, que também não funcionou. O presidente - já com a saúde debilitada - bateu no agressor com sua bengala até que agentes de segurança aparecessem para ajudá-lo. O caso aconteceu em janeiro de 1835.
Considerado 'mentalmente instável', agressor não foi preso. Lawrence era "educado e trabalhador", mas também mostrava sinais de instabilidade mental e tinha a ilusão de ser o herdeiro perdido do trono britânico, segundo informações do Senado dos EUA. O ataque a Jackson foi cercado de teorias da conspiração, com suspeitas de que Lawrence havia sido contratado e que tudo não passou de uma farsa. A tese nunca foi comprovada.
Abraham Lincoln, 1865
Lincoln foi assassinado por um simpatizante confederado. John Wilkes Booth, um ator conhecido, havia elaborado um plano para sequestrar Lincoln em troca da libertação de prisioneiros confederados. Em abril de 1865, porém, após o presidente discursar em defesa do direito a voto dos negros, Booth decidiu assassiná-lo. Lincoln foi morto poucos dias depois, com um tiro na parte de trás da cabeça, enquanto assistia a uma peça no Teatro Ford, em Washington. Ataque aconteceu poucos dias após a rendição confederada na Guerra Civil.
James Garfield, 1881
Garfield foi baleado quatro meses após assumir a presidência. O presidente estava na Estação Ferroviária de Baltimore e Potomac, em Washington (D.C.), quando foi alvejado pelo advogado Charles J. Guiteau, em abril de 1881. Garfield morreu cinco meses depois, vítima de uma infecção. Tudo indica que a motivação do crime foi vingança: Guiteau havia feito alguns poucos discursos em apoio ao presidente durante a campanha de 1880 e sentia que tinha direito a um cargo no governo, o que nunca conquistou. Relatos da época sugerem que ele era obcecado pela fama e sofria de esquizofrenia.
William McKinley, 1901
McKinley foi baleado e morto pelo anarquista Leon Czolgosz. Em setembro de 1901, o presidente participava de uma exposição em Buffalo, Nova York, quando levou dois tiros no abdômen, à queima-roupa. McKinley morreu oito dias depois; já Czolgosz, um americano de origem polonesa, foi julgado e sentenciado à morte no mesmo ano. Suas últimas palavras foram: "Eu matei o presidente porque ele era inimigo da boa gente, dos bons trabalhadores. Não sinto remorso". O caso foi o que motivou o Congresso americano a autorizar o Serviço Secreto a fazer a proteção dos presidentes dali em diante.
Theodore Roosevelt, 1912
Assim como Trump, Teddy era candidato quando sofreu um atentado. Ele foi baleado durante um evento de campanha no Wisconsin, em outubro de 1912. Seu agressor foi posteriormente identificado como John Schrank, que era dono de uma taverna em Nova York e vinha perseguindo Teddy há semanas. Levado a julgamento, Schrank afirmou que William McKinley havia aparecido para ele em um sonho e ordenado que vingasse seu assassinato matando Roosevelt. Ele foi considerado inimputável e ficou internado em uma clínica até morrer, em 1943.
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Quero receberBala permaneceu alojada no peito do presidente pelo resto de sua vida. O projétil foi amortecido pelas 50 páginas dobradas de seu discurso e o estojo de óculos de aço em seu bolso do peito. Na ocasião, Teddy Roosevelt decidiu continuar seu discurso apesar de ter sido baleado.
John F. Kennedy, 1963
JFK levou tiros nas costas e na cabeça durante um desfile presidencial. O assassino era Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro naval que havia vivido na União Soviética. O caso aconteceu em novembro de 1963, no Texas, e é considerado emblemático: muitos americanos acreditam que a morte de Kennedy iniciou um período mais violento na política e na sociedade americana, com a escalada da Guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis como pano de fundo.
Assassino foi morto no mesmo mês, quando era transferido de prisão. Oswald foi baleado no porão da sede do Departamento de Polícia de Dallas por Jack Ruby. As investigações concluíram que tanto Oswald quanto Ruby agiram sozinhos, embora pesquisas de opinião feitas nos anos seguintes tenham mostrado que até 80% dos americanos suspeitavam da existência de um complô para matar JFK. As teorias da conspiração persistem até hoje.
Gerald Ford, 1975
Ford saiu ileso de duas tentativas de assassinato em um intervalo de 17 dias. Em Sacramento, na Califórnia, uma seguidora de Charles Manson — líder da seita Família Manson — apontou uma pistola para o presidente e puxou o gatilho, mas foi detida por um agente do Serviço Secreto. Depois, em San Francisco, uma mulher posicionada no meio de uma multidão atirou contra Ford, mas errou por alguns metros. Lynette Fromme e Sara Jane Moore, responsáveis pelos atentados, foram condenadas à prisão perpétua. A primeira segue presa, enquanto a segunda recebeu liberdade condicional em 2007.
Ronald Reagan, 1981
Reagan ficou à beira da morte, mas sobreviveu a um atentado em Washington. Em março de 1981, após discursar em um hotel, o presidente foi alvo de um ataque a tiros por John Hinckley Jr. O agressor disparou seis vezes em sua direção, atingindo outras três pessoas. Reagan teve uma costela quebrada que lhe perfurou o pulmão e precisou passar por uma cirurgia de emergência, mas se recuperou, deixando o hospital apenas 12 dias após ter sido internado.
Agressor disse que queria matar o presidente para impressionar Jodie Foster. Hinckley Jr. ficou obcecado pela atriz após assistir ao filme "Taxi Driver" (1976). Ele foi considerado inimputável e internado em uma instituição psiquiátrica, onde ficou até 2016. Hoje, o agressor de Reagan tem um canal no YouTube onde publica vídeos cantando.
(Com AFP)
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