Biden diz que vai cumprir mandato e fala em 'passar tocha à nova geração'
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez o seu primeiro pronunciamento público após desistir de concorrer à reeleição. A declaração ocorreu no Salão Oval da Casa Branca na noite desta quarta-feira (24).
O que aconteceu
O democrata justificou os motivos que o levaram a desistir da candidatura à reeleição. Ele pediu união ao país e ao seu partido e garantiu que irá seguir com o seu mandato até o fim.
Decidi que o melhor caminho a seguir é passar a tocha para uma nova geração. Essa é a melhor maneira de unir a nossa nação. Há um lugar e um tempo para isso. Há um tempo para seguir a vida pública. E há tempo também para vozes frescas, vozes mais jovens. Esse lugar, esse tempo, é agora. Nos próximos seis meses, estarei focado em seguir o meu trabalho como presidente.
Presidente Joe Biden em pronunciamento à Nação
Biden anunciou a desistência em carta publicada nas redes sociais. O presidente foi pressionado por aliados e doadores de campanha após desempenho de Biden frente ao rival, o republicano Donald Trump, em debate da CNN, em junho. Na carta, Biden declarou o seu apoio a Kamala Harris para ser candidata às eleições americanas em seu lugar pelo partido Democrata.
O chefe da Casa Branca não citou o nome de Trump, mas, em entrelinhas, afirmou: "A grande coisa sobre a América é que aqui, reis e ditadores não governam. O povo governa. A história está em suas mãos. O poder está em suas mãos (...) A América tem de escolher entre seguir em frente ou voltar para trás. Entre esperança ou ódio. Entre união e divisão. Temos de decidir se ainda acreditamos em honestidade, decência, respeito, liberdade, justiça, democracia."
E, na sequência, elogiou Kamala Harris: "Em apenas alguns meses, o povo americano escolherá o curso do futuro da América. Fiz minha escolha. Deixei minhas opiniões conhecidas. Quero agradecer à nossa grande vice-presidente Kamala Harris. Ela é experiente. Ela é forte, é capaz. Ela tem sido uma parceira incrível para mim e líder do nosso país. Agora a escolha é sua, do povo americano: vocês fazem essa escolha."
Biden também estabeleceu prioridades para os últimos meses de seu mandado como presidente. Ele prometeu "parar" o presidente russo, Vladimir Putin, disse que trabalhará para acabar com a guerra em Gaza e garantiu que irá manter a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) forte.
Nas últimas semanas ficou claro para mim que eu precisava unir meu partido nesse desafio crítico. Eu acredito, como presidente, que minha liderança no mundo, no meu país, em uma visão para o futuro dos Estados Unidos, seria importante um segundo mandato. Mas nada pode ficar no caminho de salvar a nossa democracia. Isso inclui ambições pessoais.
Joe Biden
Após recuperação da covid-19
Última agenda pública de Biden havia sido na quarta-feira (17). No mesmo dia, ele foi diagnosticado com covid-19 e ficou cinco dias isolado na casa de praia em Delaware.
Biden já havia dito que desistir da reeleição foi a "coisa certa a fazer". Declaração foi dada a apoiadores durante um telefonema público em um evento de campanha em que sua vice, Kamala Harris, discursou.
Na ocasião, Biden pediu que Kamala fosse acolhida. "Quero dizer à equipe, a acolham. Ela é a melhor", disse o presidente dos EUA. "Sei que a notícia de ontem é surpreendente e é difícil para vocês ouvirem, mas foi a coisa certa a fazer", acrescentou.
Biden estava sob pressão de membros do seu partido
Após pressão de democratas, Joe Biden anunciou no domingo (21) que não iria concorrer à reeleição.
Anúncio da desistência foi feito em carta publicada nas redes sociais. "Por enquanto, quero expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão fortemente para me ver reeleito", afirma trecho do documento.
"Ofereço meu apoio para Kamala ser a indicada pelo nosso partido neste ano", disse Biden. Minutos após a publicação da carta nas redes sociais, o presidente publicou uma foto sinalizando apoio à sua vice, que também tinha sido citada na carta. "É hora de nos unirmos para combater Trump", afirmou.
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Quero receberKamala Harris tem 44% das intenções de voto; Trump tem 42%, diz pesquisa
Harris tem 44% das intenções de voto contra 42% de Trump. Pesquisa de intenção de voto da Reuters/Ipsos divulgada nesta terça-feira (23) mostra que a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e o republicano Donald Trump estão tecnicamente empatados na corrida presidencial dos EUA.
A diferença está dentro da margem de erro de três pontos percentuais. Levantamento foi feito entre segunda e terça-feira, depois que o presidente Joe Biden desistiu da disputa no domingo (21) e apoiou Kamala como sucessora. Foram entrevistados 1.241 adultos dos EUA, incluindo 1.018 eleitores registrados.
Kamala e Trump estavam empatados em 44% na última pesquisa Reuters/Ipsos realizada em 15 e 16 de julho.
A vice-presidente conquistou número de delegados necessários para indicação do partido, segundo levantamento da AP (Associated Press). Pesquisa não oficial mostrou Harris com mais de 2.500 delegados, bem acima dos 1.976 necessários para a nomeação.
Ela ainda é pré-candidata do Partido Democrata. Kamala tem menos de quatro meses para convencer os americanos de que é a pessoa certa para liderar o país.
Harris chegou nesta terça-feira (23) a Milwaukee para o comício em Wisconsin. O local também foi sede, há poucos dias, da convenção republicana, que consagrou o líder do partido, Donald Trump, após ele ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato, no dia 13 de julho. Wisconsin é também um dos cinco ou seis estados que decidirão o rumo das eleições presidenciais de 5 de novembro.
Trump liderava a disputa no estado contra Biden, mas ainda é cedo para saber se manterá a vantagem contra Harris.
Quem é Kamala Harris?
A vice-presidente é filha de pai jamaicano e mãe indiana. Ela foi a primeira mulher, a primeira pessoa negra e a primeira pessoa de origem indiana a tomar posse como vice-presidente dos EUA.
Kamala Harris estudou ciências políticas, economia e direito. Ela foi aprovada no exame da Ordem dos Advogados em 1990 e iniciou sua carreira como promotora pública.
Ela se autodenominava a "melhor policial" da Califórnia. Kamala irritou parte da polícia com sua recusa em aplicar sentença de morte contra um acusado de matar um policial. Ao mesmo tempo, foi criticada por uma fraca atuação contra a corrupção nas forças policiais.
Harris subiu na hierarquia até se tornar procuradora-geral da Califórnia, em 2011. Ela foi a primeira mulher, negra e sul-asiática americana a ocupar o cargo.
O início da carreira política foi em 2015, quando concorreu ao Senado, com apoio de Joe Biden e do então presidente dos EUA, Barack Obama. Em 2017, se tornou a segunda mulher negra a tomar posse no Senado.
Em 2019, lançou campanha no partido Democrata para a sua indicação presidencial. À época, Biden foi seu oponente. Ela desistiu da disputa e apoiou Biden, que mais tarde a convidou para ser sua vice-presidente. A chapa foi eleita à Presidência dos EUA em novembro de 2020.
*Com informações da AFP e Reuters
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