Biden desiste de reeleição após pressão e anuncia apoio a Kamala Harris
Após pressão de democratas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) que não irá concorrer à reeleição, em disputa contra o ex-presidente Donald Trump.
O que aconteceu
Anúncio da desistência foi feito em carta publicada nas redes sociais. "Por enquanto, quero expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão fortemente para me ver reeleito", afirma trecho do documento. Leia a carta na íntegra aqui.
"Ofereço meu apoio para Kamala ser a indicada pelo nosso partido neste ano", disse Biden. Minutos após a publicação da carta nas redes sociais, o presidente publicou uma foto sinalizando apoio à sua vice, que também tinha sido citada na carta. "É hora de nos unirmos para combater Trump", afirmou.
Presidente afirmou que vai fazer pronunciamento à nação ainda nesta semana. No pronunciamento, segundo ele, mais detalhes sobre a decisão serão explicados.
Ainda não há definição sobre quem substituirá o democrata na corrida presidencial até o momento. Entre os nomes cotados para substituir Biden além da vice-presidente estão Gavin Newson, o governador da Califórnia, J.B. Pritzker, governador de Illinois, e Gretchen Whitmer, governadora de Michigan. Veja mais sobre eles e outros possíveis candidatos aqui.
-- Joe Biden (@JoeBiden) July 21, 2024
Leia a carta na íntegra em português:
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Quero receberTrump diz que Biden 'nunca esteve apto'
Donald Trump falou sobre a desistência de Biden em seu perfil na Truth Social. "O corrupto Joe Biden não estava apto para concorrer à Presidência e certamente não está apto para servir - e nunca esteve!", escreveu.
O republicano acrescentou que o democrata "só alcançou o cargo de presidente por meio de mentiras". "Todos aqueles ao seu redor, incluindo o seu médico e a mídia, sabiam que ele não era capaz de ser presidente, e ele não era", destacou.
E agora, veja o que ele fez ao nosso país, com milhões de pessoas atravessando a nossa fronteira, totalmente sem controle, muitos provenientes de prisões, instituições psiquiátricas e um número recorde de terroristas. Sofreremos muito devido ao seu governo, mas remediaremos muito rapidamente os danos que ele causou.
Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA
Pressão para desistência aumentou ao longo da semana
Desempenho de Biden em debate da CNN acendeu um alerta no Partido Democrata. Com a voz rouca, uma gagueira persistente e frases confusas, o presidente deixou uma imagem oposta à mostrada pelo rival, que adotou um tom claro e enérgico no evento realizado em junho. Desde então, vários democratas têm demonstrado preocupação e sugerido que Biden abandone a disputa.
Pedido para desistência também veio de veículos tradicionais. O jornal The New York Times pediu, por meio de editorial, para que o atual chefe da Casa Branca desistisse da campanha pela reeleição. Até mesmo o ator e produtor George Clooney, um dos responsáveis por arrecadar fundos para a campanha, engrossou o coro daqueles que pediam para Biden desistir da corrida.
Gafes cometidas por Biden aumentaram a pressão. Em agendas no mesmo dia, ele confundiu o nome da vice-presidente democrata Kamala Harris com o rival Donald Trump e chamou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de Vladimir Putin.
Liderança democrata conversou com o presidente dias antes do anúncio, apurou a CNN. A ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, levou a Biden pesquisas que mostravam que ele não derrotaria Donald Trump e poderia acabar destruindo a chance democrata nas eleições da Câmara. O ex-presidente Barack Obama também evitou comentários públicos, mas o ceticismo dele sobre uma vitória de Biden não era um segredo nos bastidores, diz a CNN.
Ataque a tiros contra Trump não influenciou intenções de voto apesar de teorias da conspiração que tentaram culpar Biden. O republicano manteve uma pequena vantagem sobre Biden, de 43% contra 41%, segundo a pesquisa Reuters/Ipsos feita dois dias após o atentado. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, eles estão tecnicamente empatados.
Mudança de postura de Biden
Nos dias que seguiram o debate, o presidente Biden repetiu várias vezes que não desistiria de candidatura. Ele chegou a ser questionado por um apresentador de TV se renunciaria caso fosse convencido de que não é capaz de derrotar o republicano. Como resposta, afirmou: "Depende. Se o próprio Senhor Todo-Poderoso vier e me disser isso, 'Joe, saia da corrida', eu posso fazer isso. Mas ele não vai fazer isso."
Biden fez uma carta confrontando deputados democratas. No documento de duas páginas, Biden pediu que os colegas deixassem de pressioná-lo por uma desistência. "É hora de acabar com isso. Temos 42 dias para a Convenção Democrata e 119 dias para as eleições gerais. Qualquer enfraquecimento da determinação ou falta de clareza sobre a tarefa que temos pela frente só ajuda Trump e nos prejudica".
Depois, ele declarou em entrevista à BET que poderia reavaliar caso fosse diagnosticado com algum problema médico. Desde o fraco desempenho no debate, Biden e sua campanha repetem que ele não tem nenhuma condição grave de saúde e que ele está em boas condições para cumprir mais quatro anos de mandato.
Na quarta (17), Biden testou positivo para covid-19. Ele fez o teste após sentir um mal-estar, anunciou a Casa Branca. O médico que o atendeu disse que Biden apresentou sintomas leves, como coriza, tosse e mal-estar.
Partido agora vive uma 'sinuca de bico', segundo especialista. Por um lado, tirar Biden da disputa enfraquece ainda mais sua imagem, reforçando a tese dos republicanos de que o presidente não é capaz de governar os EUA por mais quatro anos. Por outro, faltando menos de dois meses para a convenção democrata e pouco mais de quatro meses para a eleição, "qualquer candidato agora vai sair em grande desvantagem em relação a Trump", disse ao UOL Adriano Cerqueira, professor de Relações Internacionais do Ibmec-BH.
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