Conteúdo publicado há 1 mês

Josias: Israel se candidata a 3 retaliações; cessar-fogo em Gaza se dissipa

A morte de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em um ataque aéreo em Teerã ameaça desencadear uma onda de retaliações a Israel e se tornar um conflito regional, comentou o colunista Josias de Souza no UOL News desta quarta (31).

O assassinato de Haniyeh causa apreensão sobre um possível agravamento nos conflitos entre Israel e Hamas. O grupo extremista islâmico indicou que o ato "não ficará impune"; governos da Turquia, Egito, Iraque, Jordânia, Qatar, Irã e Rússia condenaram o ataque.

As negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que estavam estagnadas, agora ficaram muito aquém da estaca zero depois que Israel assassinou o líder do Hamas em Teerã. Não se fala mais em cessar fogo; a perspectiva é de ampliação do conflito.

Essa execução acontece um dia depois de Benjamin Netanyahu festejar o ataque letal que matou em Beirute um comandante do Hezbollah. Com esses dois lances, Israel se candidatou a três retaliações: uma do Hamas, outra do Hezbollah e uma terceira já prometida pelo Irã que, além de financiar os dois grupos, não se conforma com essa nova incursão israelense no seu território. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, a morte do líder do Hamas coloca em dúvida a eficiência do sistema de segurança iraniano e estimula possíveis novos ataques ao país, com agravamento da tensão regional.

Ficou entendido que o esquema de segurança do Irã não consegue oferecer proteção aos visitantes e nem aos seus próprios líderes. Algo que aguça o instinto de vingança que apaga do horizonte do Oriente Médio o vocábulo paz.

O risco agora é de esse conflito vazar da Faixa de Gaza e se transformar em um confronto regional, o que seria péssimo para o mundo e para os palestinos e ruim também para os israelenses. Essa solução belicosa já não serve mais a ninguém.

Israel promoveu uma vingança que já vai muito além do direito de resposta que um Estado tem quando é agredido. Há muito tempo já enveredou para a esfera do crime de guerra.

Estamos agora nesse jogo de vingança, com um grupo retaliando o outro e dois Estados se confrontando: Irã de um lado, Israel do outro. Ali virou um barril de pólvora. Dissipou-se qualquer chance de um cessar-fogo. Paz, então, nem se fala. Josias de Souza, colunista do UOL

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O estreitamento das relações com Nicolás Maduro nos últimos tempos cobrou seu preço para o governo Lula, que se tornou refém do ditador venezuelano, afirmou Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, também no UOL News de hoje.

Lula disse "não haver nada de grave ou assustador" nas eleições da Venezuela, cujo resultado levantou suspeitas de fraude. O petista ainda classificou a contestação pela reeleição de Maduro como "um processo nornal".

Lula, com a diplomacia brasileira e a sequência de aproximações com a Venezuela, foi se tornando um refém de Maduro. Isso é um quadro curioso. Maduro foi ficando com a faca e o queijo na mão e usa fatos políticos para postergar qualquer tipo de cobrança.

A expulsão dos representantes diplomáticos fez parte dessa mesma estratégia, como faz agora essa tensão no ar de prender opositores. Ele fará isso porque não tem como dar as atas e as deixará para nunca. A posição de Brasil, México e Colômbia acompanha esse mesmo processo. Esperamos um posicionamento desses três países frente a fatos consumados na Venezuela.

Quando se trata de construir ditaduras, Maduro tem a ensinar a muita gente. Ele consegue fazer isso de forma competente. Aquilo que lhe é essencial, deixa de lado; as atas não aparecerão nunca, e ele cria fatos. Qualquer ditador tem exatamente esse procedimento. Maduro não é diferente. Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM

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Trevisan ressaltou que Maduro segue à risca a cartilha dos ditadores ao se aproveitar das crises para se autopromover.

Quando expulsou os sete embaixadores, a Venezuela fez uma verdadeira salada ideológica. Ao fazer este tipo de atitude, Maduro está cumprindo um roteiro pré-determinado. Ele pega crises e as transforma em oportunidades como ninguém.

Quando Maduro percebeu a tensão no processo eleitoral americano, ele trouxe a eleição, que estava marcada para dezembro, para julho. Ele se aproveitou disso. Essa sequência de tensões que Maduro coloca é absolutamente de caso pensado. Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM

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Opinião

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