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Análise: Netanyahu e Maduro sabem que, se saírem do poder, vão para cadeia

É possível comparar a situação de Nicolás Maduro na Venezuela à de Benjamin Netanyahu em Israel, já que ambos tentam se perpetuar no poder para escapar da prisão, disse Maurício Santoro, cientista político e professor de relações internacionais da Uerj, no UOL News desta quinta (1).

Faço um paralelo entre a situação na Venezuela e em Israel. O presidente venezuelano e o primeiro-ministro israelense estão em polos ideológicos opostos, mas têm um conjunto de incentivos muito parecido. Eles sabem que, se saírem do poder agora, irão para a cadeia em pouco tempo.

No caso de Israel, isso tem levado a uma série de decisões do governo que tem aprofundado a guerra e dificultado a possibilidade de um cessar-fogo e de um entendimento ali. Já na Venezuela, há essa recusa total do Maduro em aceitar a derrota e fazer de tudo para permanecer como presidente. Maurício Santoro, cientista político

Santoro frisou que, mesmo se a oposição conseguir chegar ao poder na Venezuela, as projeções apontam para uma governabilidade difícil, uma vez que os parlamentares ligados a Maduro compõem a maioria do Congresso.

Essa eleição foi aquela na qual a oposição esteve mais mobilizada, forte e presente. Isso mostra uma mudança política muito significativa dentro da Venezuela. Mas também havia uma preocupação muito grande sobre Maduro rejeitar o resultado, como de fato tem acontecido.

Será que Maduro consegue se manter no poder apesar dos resultados eleitorais por meio de fraude e do apoio dos militares? Infelizmente, esse risco é muito grande. Maduro tem um controle muito forte dos militares, das Forças Armadas e da polícia, e uma disposição de utilizar esses aparatos repressivos contra os manifestantes da oposição.

Qual seria o desfecho positivo? De que a combinação de uma pressão internacional, com a própria mobilização da oposição dentro da Venezuela, levasse a uma transição pacífica de volta ao regime democrático. Isso já aconteceu em muitos países, inclusive aqui mesmo na América Latina. É possível um regime autoritário abrir mão do poder por meio de uma eleição.

Caso a oposição consiga de fato assumir a presidência na Venezuela, teria que lidar com um parlamento majoritariamente chavista, assim como a maior parte dos governadores estaduais. Não seria uma eleição na qual a oposição levaria tudo. Isso pode ser algo favorável ao chavismo, que ainda teria algumas salvaguardas para aceitar essa transição. Maurício Santoro, cientista político

Sakamoto: Maduro abraça Trump para defender a si mesmo de fraude eleitoral

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Para se defender das acusações de fraude eleitoral, Nicolás Maduro é capaz até mesmo de se alinhar a Donald Trump, mesmo que isto signifique uma contradição no discurso anti-imperialista do ditador venezuelano, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto.

Maduro abraça o Trump para poder defender a si mesmo com relação à fraude nas eleições. Vale a pena ele dar uma olhada e consultar antes de fazer essas declarações porque o Centro Carter monitorou as eleições nos EUA em 2020. Também houve uma série de observadores por lá.

Não houve nenhum indício de fraude nas eleições dos EUA e quem gritou foi Trump, que perdeu nas urnas. Se ele tivesse ganhado, teria falado que a eleição foi limpa. Os indícios de fraude foram inventados por Trump, que usou isso para empurrar seus seguidores para atacar o Congresso em 6 de janeiro de 2021, no momento em que os parlamentares chancelavam a vitória de Biden.

Os observadores foram à Venezuela e há dados faltando porque o governo Maduro não garantiu transparência nas atas de votação, na totalização e na contagem dos votos. No caso da Venezuela, há um buraco. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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Opinião

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