Israel bombardeia Líbano e diz ter matado chefe de drones do Hezbollah
Do UOL, em São Paulo
26/09/2024 11h14Atualizada em 26/09/2024 19h02
O Exército de Israel lançou nesta quinta-feira (26) novos bombardeios contra a periferia de Beirute, capital do Líbano, zona tida como reduto do grupo xiita Hezbollah. É o quarto dia seguido de uma série de ataques israelenses que já deixou centenas de mortos e quase 2.000 feridos.
O que aconteceu
Israel confirmou ter lançado 'ataques direcionados' a Beirute. Os bombardeios atingiram o bairro de Jamus, que já havia sido alvo de ataques aéreos na sexta-feira (20). Na ocasião, cerca de 50 pessoas morreram, incluindo mulheres, crianças e um comandante de alto escalão do Hezbollah.
Pelo menos um prédio foi destruído no bombardeio de hoje. Por volta das 15h15 (horário local, 9h15 em Brasília), aviões de guerra israelenses lançaram três mísseis contra um prédio de dez andares próximo a um cruzamento movimentado, segundo a NNA, a agência estatal de notícias do Líbano.
Ataque matou o chefe da unidade de drones do Hezbollah, Mohamed Srur. "Graças às indicações precisas de inteligência da Força Aérea e da Divisão de Inteligência, aviões de combate atacaram e eliminaram o comandante da unidade aérea do Hezbollah, em Beirute", informou o Exército de Israel em comunicado. A morte também foi confirmada pelo Hezbollah no Telegram. Ainda não há informações sobre outras possíveis vítimas.
Na véspera, outro bombardeio atingiu área ao norte de Beirute. Moradores de Maysara, um enclave xiita na região montanhosa de Kesruan, de maioria cristã, confirmaram à AFP que ouviram duas fortes explosões na cidade, que fica a 25 quilômetros de Beirute. Ao todo, 51 pessoas morreram e 220 ficaram feridas, ainda de acordo com a NNA.
Ataque de segunda (23), o mais letal, deixou 558 mortos no Líbano. Outras 1.835 pessoas ficaram feridas, de acordo com o governo libanês, que vê os bombardeios desta semana como os mais mortais desde a guerra civil, entre 1975 e 1990. "A grande maioria dos mortos, senão todos, eram pessoas desarmadas que estavam em suas casas", disse o ministro da Saúde, Firass Abiad.
Escalada de tensões
Israel e Hezbollah têm se atacado desde o início da guerra em Gaza. Ambos sempre recuaram quando conflito parecia estar prestes a sair de controle. Recentemente, porém, Israel havia alertado sobre uma operação militar maior para interromper os ataques com origem no Líbano e permitir que centenas de milhares de israelenses refugiados retornem para suas casas.
Fronteira entre Israel e Líbano é palco de ataques quase diários. Até segunda (23), os disparos haviam matado cerca de 600 pessoas no Líbano — a maioria combatentes do Hezbollah — e 50 militares e civis israelenses. Também forçaram centenas de milhares de pessoas que moram perto da fronteira a deixarem suas casas, tanto em Israel quanto no Líbano.
Crise aumentou após explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah. O que tem sido considerado como um ataque sem precedentes (assista acima) matou, ao todo, 37 pessoas — incluindo duas crianças — e deixou quase 3.000 feridos, segundo balanço do Ministério da Saúde libanês. As explosões foram um duro golpe para o Hezbollah, que culpou Israel e prometeu vingança.
Risco de guerra
Países temem que aliados de Israel e Líbano se envolvam no conflito. Líderes mundiais estão preocupados com a possibilidade de que os Estados Unidos, próximo a Israel, e o Irã, que apoia o Hezbollah e milícias em todo o Oriente Médio, sejam arrastados para uma guerra mais ampla na região.
Israel fala em 'enfraquecer a ameaça' representada pelo Hezbollah. O governo israelense ameaçou transformar todo o sul do Líbano num campo de batalha, argumentando que o Hezbollah colocou foguetes, armas e forças ao longo da fronteira. Em meio à retórica exacerbada dos últimos meses, líderes de Israel já falaram em provocar no Líbano os mesmos danos causados em Gaza.
Não podemos deixar o Hezbollah descansar. Devemos continuar com toda a nossa força.
Herzi Halevi, general israelense
Mas o Hezbollah seria um inimigo mais difícil para Israel que o Hamas. Criado em 1982 pela Guarda Revolucionária do Irã para combater a invasão israelense no Líbano, o Hezbollah tem vasta experiência, é altamente disciplinado e conta com um armamento melhor do que seu aliado palestino. Além disso, o movimento libanês já declarou que não quer uma guerra mais ampla.
Paralelamente, as críticas a Israel tem sido cada vez mais duras. Em comunicado divulgado hoje, Iraque, Egito e Jordânia acusam Israel de empurrar a região para uma "guerra total". O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi mais longe, tendo comparado o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista.
(Com AFP, ANSA, Deutsche Welle e RFI)