'Redefinição do mapa': por que Irã entrou no centro do conflito com Israel?
Do UOL, em São Paulo
02/10/2024 08h37Atualizada em 02/10/2024 16h02
Depois de ataques de Israel ao Líbano, o Irã acabou se envolvendo no conflito. O país é visto como o único polo que pode dar suporte aos grupos Hamas e Hezbollah, que brigam contra Israel, em Gaza e no Líbano, segundo o colunista do UOL Jamil Chade.
De acordo com Chade, durante o UOL News desta terça-feira (1º), o Irã foi pressionado pelos próprios iranianos e pela população [de Gaza e do Líbano] para dizer: "E agora, cadê vocês?".
Eu conversava com um analista libanês que dizia o seguinte: 'Mais uma vez vão nos abandonar?' Ele não estava falando do Ocidente, mas, sim, do Irã.
'Estamos vendo a redefinição do mapa político do Oriente Médio'
"Redefinição do mapa político". Para Jamil Chade, ataques de Israel contra o Líbano e como o Irã se posiciona no conflito são dois elementos que corroboram a tese de que o mapa político do Oriente Médio irá mudar após a guerra regional.
Essa guerra é uma redefinição do mapa do Oriente Médio. Não das linhas de fronteira --até isso, provavelmente, vai ser redefinido --, mas uma redefinição do mapa político do Oriente Médio. Entender isso é fundamental para entender o que está acontecendo. [...] Não dá para dizer que o Líbano é um país independente e soberano. E isso tudo vai ser colocado em questão.
Jamil Chade
Entenda relação Israel, Líbano e Irã
Israel realizou uma onda de ataques contra o Líbano desde a última semana. O exército informou que atingiu dezenas de alvos do Hezbollah, incluindo integrantes do grupo e armas, que é financiado e armado pelo Irã. Um dos alvos seria Abu Jawad Harikhi, comandante do sistema de mísseis da organização extremista. Ainda não há informações se ele foi atingido.
Como respostas, Hezbollah, grupo financiado pelo Irã, lançou foguetes contra o norte de Israel. Os projéteis atingiram uma base aérea e um campo de aviação nas proximidades da cidade de Afula.
Estratégia de Israel é demonstrar força militar. A ideia do país é mudar a posição declarada do Hezbollah de que continuará atacando o país enquanto não houver um cessar-fogo em Gaza.
Outro objetivo do governo israelense é retomar o controle do norte do país. Milhares de israelenses fugiram do local desde que o Hezbollah passou a disparar mísseis contra Israel, em 8 de outubro de 2023.
Com isso, Irã prometeu se vingar de Israel. Autoridades advertiram que a morte de um comandante da Guarda Revolucionária "não ficará sem resposta". O Hezbollah, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982 durante a guerra civil no Líbano, por iniciativa da Guarda Revolucionária do Irã.
Resposta veio na madrugada deste terça-feira (1º). O Irã lançou uma série de mísseis em direção à Israel. Governo de Netanyahu disse que responderá "no momento certo", enquanto a ONU alertou para a escalada do conflito.
Guarda Revolucionária Islâmica do Irã confirmou que disparou dezenas de mísseis contra Israel. Os ataques teriam ocorrido em duas ondas, com uma diferença de dez minutos entre as duas. Explosões foram ouvidas em Tel Aviv e Jerusalém.
Grupo do Irã alertou que essa seria apenas a primeira onda de ataques. Ação seria uma resposta aos assassinatos dos líderes do Hezbollah e Hamas.