Como cirurgia no cérebro ajudou Israel a provar que matou líder do Hamas
Colaboração para o UOL
20/10/2024 05h30
Yahya Sinwar, líder do Hamas, foi morto pelas Forças de Defesa israelenses na última quinta-feira (17) —e a identidade dele foi confirmada por meio de dados armazenados em um hospital. O Hamas reconheceu a morte de Sinwar, mas disse que o grupo não será derrotado.
Israel usou DNA para identificar corpo de Sinwar
A morte de Sinwar foi confirmada com a realização de teste de DNA. Para comprovar a identidade do corpo, Israel utilizou dados de Sinwar que estavam armazenados em um hospital local onde o líder do Hamas havia realizado uma cirurgia no cérebro em 2008, durante período em que ficou preso no país.
Enquanto estava na cadeia, Sinwar descobriu um tumor no cérebro. Em 2008, ele seria operado e, desde então, os serviços secretos do país mantém todos seus dados. Em 2011, Sinwar foi solto em uma troca de prisioneiros realizada entre as lideranças israelenses e do Hamas.
Exames analisaram características físicas e genéticas de Sinwar. Em Jerusalém, a arcada dentária e as digitais de Sinwar foram verificadas durante o processo de identificação do corpo. Segundo a rede britânica BBC, os soldados israelenses retiraram dentes e cortaram um dedo do cadáver de Sinwar. As amostras foram enviadas a Israel antes do traslado do corpo.
O que aconteceu
O número 1 do Hamas morreu em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Vídeo divulgado pelas Forças de Defesa de Israel mostra Sinwar momentos antes de ser morto. Após o anúncio da morte, o governo israelense republicou a confirmação do episódio nas próprias redes sociais, declarando que a Justiça "havido sido feita".
Segundo o jornal The New York Times, os soldados israelenses responsáveis pela missão não sabiam que o alvo se tratava de Sinwar. Durante a patrulha, a unidade militar de Israel identificou três homens correndo entre as casas. Sinwar fugiu sozinho e foi seguido por um drone até o prédio em que foi morto.
Autoridades de Israel afirmaram que os soldados não estavam na área para uma operação e não tinham informações prévias que Sinwar estava no local. O líder do Hamas era procurado por Israel havia mais de um ano por ser considerado o mentor do ataque de 7 de outubro de 2023, quando o movimento armado atacou os israelenses e deflagrou o conflito que se estende até hoje.
Fotos do corpo do líder do Hamas foram compartilhadas pelo ministro de estado de Israel. Em publicação nas redes sociais, Eli Cohen afirmou que Sinwar "assinou a certidão de óbito em 7 de outubro".
O exército israelense disse que "não vai parar" até capturar todos os envolvidos no ataque de 7 de outubro. O chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, prometeu trazer de volta "todos os reféns" capturados.
Sinwar era membro do Hamas desde 1987. Condenado a 426 anos de prisão, o comandante foi preso diversas vezes pelas Forças de Defesa de Israel por envolvimento na captura e no assassinato de soldados israelenses e de palestinos suspeitos de espionagem para o governo de Israel.