Como um assassinato brutal foi desvendado nos EUA após 30 anos de mistério

Após três décadas sem respostas, o assassinato de Melonie White, uma jovem mãe e amante da moda, foi finalmente solucionado nos Estados Unidos. As informações são da CNN.

O suposto assassino, Arthur Joseph Lavery, foi identificado graças a uma combinação de DNA e genealogia genética forense —e com o apoio da organização sem fins lucrativos Vegas Justice League.

Morte brutal sem resposta

O corpo foi encontrado estrangulado em 27 de agosto de 1994. O cadáver de Melonie White, de 27 anos, estava próximo ao Lago Mead, perto de Las Vegas, Nevada. White foi estrangulada e sofreu traumatismo craniano; seu corpo tinha sinais de ter sido arrastado por um veículo.

A investigação inicial não identificou suspeitos, levando o caso a ficar arquivado por anos Em 2010, o caso foi reaberto e um perfil de DNA foi inserido no Codis, um banco de dados nacional que permite às agências de segurança pública comparar perfis de DNA para identificar suspeitos, vincular crimes e encontrar pessoas desaparecidas. Itens adicionais ligados ao crime foram enviados para testes de DNA —e geraram um perfil masculino —, mas os investigadores não encontraram nenhuma correspondência na época para identificar um suspeito.

Nova investigação teve sucesso. Onze anos depois, em 2021, detetives de casos arquivados, com o apoio da ONG Vegas Justice League, enviaram o perfil de DNA ao Othram Labs, um laboratório americano especializado em genética e análise forense, para ajudar a identificar o suspeito. A inciativa teve êxito, e um homem foi identificado.

Em 26 de agosto de 2024, o laboratório informou à polícia que o suspeito era Arthur Lavery. O homem cresceu na área de Las Vegas e tinha 38 anos na época do assassinato de Melonie White. Ele morreu por complicações da covid-19 em 2021 e tinha uma acusação de agressão no histórico criminal.

Arthur Lavery, suspeito do assassinato, morreu de covid-19 em 2021
Arthur Lavery, suspeito do assassinato, morreu de covid-19 em 2021 Imagem: Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas

Amigos viram a vítima perto da casa do suspeito. Segundo a polícia, muitos amigos de White a viram na noite anterior ao assassinato em uma área próxima de onde Lavery morava, mas nenhuma conexão direta entre os dois foi estabelecida inicialmente, de acordo com reportagem da CBS News.

O irmão foi informado que o mistério sobre a morte tinha chegado ao fim por telefone. Jason White, irmão de Melonie, expressou sua gratidão à polícia e à Vegas Justice League por ajudarem a resolver o caso. "Foi uma conversa curta que encerrou 30 anos sem saber o que aconteceu", disse ele sobre o telefonema da polícia que informou a identidade do assassino, em entrevista ao CBS News.

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Sempre sentiremos falta de Melonie e acreditamos que a solução de seu assassinato ajudará a trazer um pouco de paz para ela e para todos nós.
Jason White, irmão de Melonie, à CBS News

Como é a ONG

A ONG Vegas Justice League foi criada para ajudar a resolver casos sem solução. Fundada em 2020 por Justin Woo, a organização e sua iniciativa nacional Project Justice financiam genealogia genética forense para resolver casos antigos.

A morte de uma adolescente inspirou o criador da ONG. Woo decidiu apoiar esses casos após ver o impacto no primeiro que patrocinou: o caso de Stephanie Isaacson, uma adolescente assassinada em 1989. A missão da organização é proporcionar uma sensação de "término" para famílias que aguardam justiça há décadas.

Fundada em 2020 por Justin Woo, a Vegas Justice League e seu projeto nacional financiam genealogia genética para resolver casos antigos.
Fundada em 2020 por Justin Woo, a Vegas Justice League e seu projeto nacional financiam genealogia genética para resolver casos antigos. Imagem: Reprodução/Instagram

Em Las Vegas, o projeto já ajudou a solucionar nove assassinatos, incluindo o caso de White. A ONG usa recursos de doações e tem uma parceria com o laboratório Othram.

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A Vegas Justice League foi homenageada em outubro de 2024. A ONG recebeu as chaves da Las Vegas Strip (local que concentra hotéis de luxo e cassinos) pelos serviços prestados.

Como é a genealogia genética forense

Investigadores usam DNAs de suspeitos em locais de crime, transformando-os em arquivos de dados. Após isso, eles são carregados em bancos para localizar parentes. A técnica mistura análise do genoma humano com processamento de dados e busca genealógica —por métodos tradicionais e genéticos. Ou seja, a partir de DNA, encontram-se parentes do suspeito. E a árvore genealógica ajuda a refinar a pesquisa até chegar ao assassino.

O método de genealogia genética ajudou a resolver casos graves. Entre eles está o de Golden State Killer em 2018, assassino em série americano, responsável por dezenas de homicídios e estupros. Apesar de custoso (cerca de U$ 7.500 por caso), o procedimento é uma poderosa ferramenta para elucidar casos arquivados há décadas. A Vegas Justice League tem DNA em análise para mais de 82 casos e busca resolver cada um deles, apesar de o processo ser demorado.

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