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Incêndio em terminal de açúcar já matou quase 2 toneladas de peixes em SP

De Araçatuba

31/10/2013 18h54

No pior desastre dos últimos 30 anos na região noroeste de São Paulo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e a Polícia Ambiental afirmaram nesta quinta-feira, 31, que entre 1 e 2 toneladas de peixes já morreram no Rio São Domingo, em consequência da contaminação das águas pelo melaço produzida pelo incêndio do terminal de armazenamento de açúcar da Agrovia Brasil, em Santa Adélia (SP).

O terminal pegou fogo na sexta-feira, 25, e entre sábado, 26, e segunda-feira, 28, o rio, cuja nascente é em Santa Adélia e banha outras cinco cidades, recebeu 4 milhões de litros de água residual do incêndio e cerca de 400 toneladas de açúcar queimado. O material provocou a proliferação de bactérias que consomem oxigênio e asfixiam os peixes.

O capitão Olivaldi Azevedo, da Polícia Ambiental, afirmou que o agravante é que os peixes que habitam o São Domingos são de espécies de pequeno porte, como lambaris, que pesam no máximo de 70 a 100 gramas. Em uma hora de coleta de amostras para exames, os policiais ambientais recolheram mais de 18 mil exemplares, de várias espécies, como lambaris, tilápias, mandis e outros.

De acordo com a Cetesb, em 50 dos 70 quilômetros do rio, o índice de oxigênio medido é de zero. "Entre Santa Adélia e Catanduva, o índice está zerado há pelo menos 48 horas; não há mais vida no trecho, de 30 quilômetros", disse o engenheiro José Mário Andrade, da Cetesb. Segundo Andrade, a manta poluidora equivale a um volume de esgoto produzido por 4 milhões de pessoas. "É um acidente de grandes proporções, que não ocorria há mais 30 anos na região noroeste", disse.

Conforme o engenheiro, a situação pode piorar a partir desta sexta-feira, quando a poluição atingirá o Rio Turvo, que é maior e possui mais peixes, de tamanho maior. A Polícia Ambiental e a Cetesb farão uma operação de resgate de peixes que forem encontrados agonizando. "Vamos coletar esses peixes e colocá-los em tanques com água limpa que estarão sobre três caminhões e depois os soltaremos no mesmo rio, abaixo das cachoeiras, onde acreditamos que a poluição não chegará", disse Azevedo.