São Vicente (SP) aguarda resultado de testes para discutir envio de material tóxico para Camaçari
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São Vicente, no litoral paulista, pretende aguardar por um resultado positivo da queima do material contaminado por resíduos industriais tóxicos que vai ser transportado de Cubatão, região metropolitana de São Paulo, para Camaçari, na Bahia, antes de exigir que a empresa Rhodia dê a mesma destinação a cerca das 33 mil toneladas de material semelhante que, há décadas, estão armazenadas em um terreno da cidade, à espera de destinação adequada.
Segundo o secretário municipal de meio ambiente de São Vicente, Alexandre Casasco, a existência de quatro terrenos contaminados em meio a uma região densamente habitada é, para o município, uma "ferida que uma hora vai ter que ser curada", ainda que a multinacional mantenha as áreas sob controle atualmente, conforme atesta a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Na última terça-feira (20), o Inema (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), órgão da Bahia e a Cetesb, de São Paulo, autorizaram o envio de toneladas de material tóxico armazenadas em Cubatão para serem incineradas no Polo Industrial de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, pela empresa de soluções ambientais Cetrel Lumina.
A autorização concedida pelos órgãos ambientais se aplica exclusivamente às cerca de 5.000 toneladas de material contaminado, armazenadas no terreno de Cubatão onde, até 1993, funcionou uma das fábricas da antiga estatal francesa - hoje, ela pertence ao grupo belga Solvay. O Cadri (Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental) expedido pela Cetesb em dezembro de 2011 prevê o transporte e a queima de 760 toneladas por ano de material contaminado de Cubatão para Camaçari.
Já para o envio das 33 mil toneladas de lixo tóxico armazenadas em São Vicente, a Rhodia terá de obter uma nova autorização dos órgãos ambientais. Acondicionado e tratado em um terreno da área continental de São Vicente, à margem da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, o material foi recolhido de cinco terrenos de São Vicente e de três terrenos de Itanhaém, cidade do litoral paulista a mais de 80 quilômetros da antiga fábrica de Cubatão.
Segundo o gerente da agência da Cetesb em Santos, César Valente, o armazenamento tóxico no terreno de São Vicente era, inicialmente, uma solução temporária - até hoje, o terreno é chamado de Estação de Espera. “[O armazenamento] Não era para ter sido perene. Aquilo era para ser apenas uma área de transferência, de onde todo o material seria levado depois. Acabou [deste jeito] por problemas que, no passado, impediram a incineração."
Valente afirma que também pretende aguardar pelos resultados do processo de destinação do material de Cubatão, para conversar com a empresa sobre o caso de São Vicente.
"Por enquanto, não vamos provocar a empresa. Embora desejemos uma solução definitiva para o problema, ainda não me parece razoável mexer naquilo, pois os resultados [de controle ambiental] são extremamente satisfatórios, não oferecendo maiores riscos à população ou ao meio ambiente. Temos que refletir sobre qual seria o impacto de reabrir a estação onde há resíduos armazenados há mais de 20 anos", ponderou.
Procurada, a Rhodia informou que está "focada no trabalho" relacionado ao envio e à queima já autorizados do material de Cubatão e que 'eventuais operações futuras serão avaliadas no momento oportuno'. A empresa destacou, ainda, que todas as áreas contaminadas na Baixada Santista sob sua responsabilidade permanecerão sob controle, cercadas e monitoradas, e alvo de projetos de recuperação ambiental, que já vem sendo desenvolvidos com a aprovação dos órgãos competentes.
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