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América Latina defende regulação da pesca de tubarão em conferência

Em Bancoc

07/03/2013 12h15

A América Latina adotou na Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Fauna e Flora), que acontece em Bancoc, na Tailândia, uma postura quase unânime em defesa de propostas para a proteção dos tubarões, que o bloco asiático considera inaceitáveis.

Brasil, Colômbia, Equador, Costa Rica e Honduras apresentaram as iniciativas, que promovem conjuntamente com o apoio da União Europeia e dos Estados Unidos, para regular a caça e o comércio de tubarões de ponta branca, martelo e sardo, além das raias mantas.

O bloco pede que as espécies sejam integradas em um artigo da Cites que regula sua captura. "Todos compreendem que a inclusão no apêndice 2 não é algo problemático, que não proíbe a pesca, mas que esta procura seja sustentável", disse à Agência Efe Fábio Hazin, da delegação brasileira, nesta quarta-feira (6).

A aprovação das propostas significaria introduzir mecanismos de regulação e legalização da pesca de tubarões, como a emissão de permissões, certificados de procedência e registros do número de capturas. Para serem aprovadas, é preciso ter a maioria de dois terços dos votos, que vão acontecer antes do final da cúpula, em 14 de março. 

Hazin, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, alertou que a falta de regulação atual levou a um "forte declive" na população de tubarões, cujo ciclo de reprodução é lento e pouco conhecido.

Comércio de barbatanas

Segundo a organização conservacionista PEW, a cada ano são caçados cerca de 100 milhões de tubarões devido à demanda comercial de sua barbatana no mercado asiático, sobretudo na China e no Japão, que lideram a frente de países que rejeitam as propostas de proteção.

"A China e Japão querem manter a situação atual porque este volume de pesca só pode ser mantido sem regulação", explicou Maximiliano Bello, membro da PEW.

Bello acredita que todas as propostas sejam aprovadas, incluída uma que determina a regulação da pesca de raias mantas, que, segundo ele, aumentou nos últimos anos devido ao consumo de suas guelras para fabricar tônicos. A apresentação das propostas ocorreu pouco depois da Tailândia expressar sua oposição à regulação da pesca.

"A inclusão dos tubarões poderia afetar nossos pescadores que os caçam por erro em suas redes, que seriam submetidos a multas", disse o chefe do Departamento de Pesca tailandês, Wimol Jantrarotai, ao jornal Bangcoc Post.