Brasil exporta peixes-boi para o Caribe
O Brasil vai transferir cinco espécimes de peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) para Guadalupe, território da França no Caribe, onde serão usados em um programa de reprodução em cativeiro. Os filhotes serão posteriormente soltos na natureza. Os cinco peixes-bois se chamam Netuno, Xuxa, Sereia, Marbela e Toquinho. Eles serão transferidos do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), em Itamaracá, Pernambuco, para o Parque Nacional de Guadalupe, ainda em abril, para se tornarem os primeiros animais do programa de reintrodução da espécie promovida pelo governo francês. Há mais de 100 anos os peixes-bois foram extintos na ilha caribenha.
Especialistas brasileiros em mamíferos aquáticos elaboraram uma nota técnica para que instituições públicas federais revejam a decisão de transferir os peixes-boi marinhos. Segundo a nota, há poucos indivíduos distribuídos de forma fragmentada ao longo do litoral brasileiro e a transferência representaria a remoção de uma parcela significativa de peixes-boi do país. Segundo eles, a ida dos animais, além de prejudicar o programa de reintrodução da espécie na costa brasileira, pode interferir na reprodução dos peixes-bois dos países caribenhos, já que as duas populações são distintas (embora sejam da mesma espécie) e estão separadas há mais de 100 mil anos. Um grupo de especialistas questionou o Ministério do Meio Ambiente através de carta, mas eles nunca receberam resposta. Ainda segundo o Instituto, o grupo denunciou a transferência ao Ministério Público Federal de Pernambuco, que teria ouvido o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e teria considerado as explicações do governo como satisfatórias e o processo foi arquivado.
O peixe-boi marinho é classificado como espécie em perigo de extinção no mundo pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), e ameaçado no Brasil. Os espécimes que habitam a costa brasileira apresentam baixa diversidade genética e não compartilham haplótipos, ou seja, os blocos de DNA transmitidos em conjunto para os descendentes, com animais do Caribe. Sendo assim, tornam-se inadequados para um programa de reintrodução em Guadalupe, segundo o Instituto.
No Brasil, o peixe-boi-marinho é o mamífero aquático mais ameaçado de extinção. Há duas estimativas oficiais para o tamanho da população: uma que afirma que no país existem 500 espécimes e outra que afirma que existem mil. "Até hoje, apesar de décadas de atuação do projeto peixe-boi, ainda não existe uma pesquisa robusta que indique a população total remanescente no Brasil. Sabemos que a espécie foi extinta em vários estados do Nordeste e Sudeste, e o que restou está sob grave ameaça de desaparecer para sempre", informou o vice-presidente e gerente de projetos da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS) Alberto Alves Campos, ao site oeco.
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