Diretor do Inpe diz que vai deixar instituto após confrontos com Bolsonaro
Diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão anunciou hoje que, por determinação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, ao qual o Inpe está subordinado, irá deixar o comando do instituto. A exoneração foi anunciada dias após uma série de confrontos do diretor com o presidente Jair Bolsonaro. A demissão deve ser publicada no Diário Oficial nos próximos dias.
A jornalistas, Galvão afirmou que as críticas que fez a Bolsonaro haviam causado "constrangimentos" no governo e por isso ele seria exonerado pelo ministro Marcos Pontes, que comanda a pasta. Procurado pelo UOL, ele não quiser comentar a saída e disse que o ministro Marcos Pontes pediu que ele não se manifestasse hoje, após a reunião que tiveram.
O diretor também afirmou que já sugeriu um nome ao ministro para assumir o instituto, sem revelar qual, e que sua exoneração não irá "respingar" nos trabalhos da organização. A diretoria do Inpe é normalmente escolhida pelo ministro da Ciência, a partir de uma listra tríplice.
Há 15 dias o presidente questiona o instituto, que divulgou aumento de 88% no desmatamento em junho, quando comparado a maio deste ano. Ontem, Bolsonaro organizou uma apresentação técnica para apresentar argumentos pelos quais considera incorretos dados sobre desmatamento. Também chegou a ameaçar que demitiria o diretor, por quebra de confiança.
O instituto é responsável há mais de 30 anos por mapear áreas desmatadas do país --independentemente se a remoção da vegetação é legal ou ilegal-- e não fiscalizar, função que fica a cargo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em resposta à apresentação de Bolsonaro, o Inpe respondeu ontem em nota que "sempre foi norteado pelos princípios de excelência, transparência e honestidade científica".
Em ocasião anterior, o próprio Ricardo Galvão defendeu o Inpe, dizendo que "poderia ser demitido", mas que os dado apresentados pelo instituto eram "cientificamente sólidos".
Procurado pelo UOL, o Inpe afirmou que "não irá se manifestar agora" sobre o tema. O Palácio do Planalto também foi procurado, mas ainda não se pronunciou.
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