Fumaça da África chega ao Nordeste e eleva poluição do ar a nível crítico
A fumaça dos incêndios florestais no continente da África chegaram ao Nordeste brasileiro, segundo imagens detectadas no Brasil pelo Lapis (Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite), ligado à Ufal (Universidade Federal de Alagoas). A fumaça causou uma elevação até três vezes maior do que o nível máximo de poluição recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Um mapa produzido às 13h de hoje mostra que a fumaça das queimadas no centro-sul da África cruzou mais de 6.000 km pelo oceano Atlântico até chegar aos litorais de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Segundo informe produzido pelo Lapis, os níveis de poluição registrados já apresentam riscos à população. "Apesar da distância, com a poluição do ar pela fumaça dos incêndios no Congo, a população da costa leste do Nordeste está respirando uma quantidade de material particulado muito acima do recomendado pela OMS. Esse tipo de material corresponde a partículas extremamente finas presentes no ar", diz.
O relatório ainda cita que, entre as capitais, a fumaça tem mais intensidade em Natal, mas também chegam a Maceió, Recife e João Pessoa. "O índice de poluição por esse material particulado está entre 50 e 100 µg/m³", informou o laboratório, citando a unidade de micrograma de poluição por metro cúbico de ar.
Para efeito de comparação, o último relatório da análise da qualidade do ar da OMS apontou o Rio de Janeiro como a cidade com ar mais poluído do país, com 64 ug/m³. "Atualmente, a OMS recomenda que as emissões desse poluente não ultrapassem o limite 25 µg/m³ por dia para manter a qualidade do ar em condições que evitem riscos à saúde humana", explica o coordenador do Lapis, Humberto Barbosa.
Barbosa explica que 33 µg/m³ equivalem à espessura de um fio de cabelo. "1 µg/m³ equivale a 0,000001 grama. Por isso são facilmente espalhadas", explica.
Ele diz que os níveis altos de poluição medidos são capazes de causar problemas de saúde respiratórios e cardiovasculares, além de dor de cabeça.
O coordenador diz que os moradores das cidades atingidas devem perceber mudança no ar com mais facilidade ao fim da tarde. "Se o céu estiver limpo e o ar mais seco, será mais perceptível por volta das 17h."
Os incêndios florestais ocorrem na África Central e se espalharam por Angola, República Democrática do Congo, Moçambique e Madagascar. Em 24 de agosto, um satélite da Nasa (agência espacial norte-americana) teria detectado 6.902 incêndios em Angola e 3.395 no Congo. Semelhantes às chamas na Amazônia, os incêndios também causaram protestos em todo o mundo.
Medição da poluição (em µg/m³) às 13h de hoje:
- Natal - 105
- Recife - 99
- Maceió - 98
- João Pessoa - 97
Fonte: Lapis
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