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Cardeal Hummes: Amazônia nunca esteve tão ameaçada quanto hoje

4.mar.2013 -  O cardeal brasileiro dom Claudio Hummes chega para reunião de preparação do conclave, para escolher o novo papa, na Sala Paolo VI no Vaticano - Lalo de Almeida/Folhapress
4.mar.2013 - O cardeal brasileiro dom Claudio Hummes chega para reunião de preparação do conclave, para escolher o novo papa, na Sala Paolo VI no Vaticano Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

07/10/2019 10h59

Em discurso na abertura do Sínodo dos Bispos Sobre a Amazônia, na manhã de hoje, o cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes avaliou que "a vida na Amazônia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje". Hummes é o relator-geral do evento da Igreja Católica.

Para o cardeal, a floresta corre perigo "pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazônica, de modo especial a violação dos direitos dos povos indígenas, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios".

Hummes ainda lembrou que o papa Francisco constantemente pede que a Igreja vá ao encontro das questões urgentes. "[A Igreja] não pode ficar sentada em casa, cuidando de si mesma, cercada de muros de proteção. Muito menos ainda, olhando para trás com certa nostalgia de tempos passados", apontou.

"[A Igreja] precisa abrir as portas, derrubar muros que a cercam e construir pontes, sair e pôr-se a caminho na história, nos tempos atuais de mudança de época, caminhando sempre próxima de todos, principalmente de quem vive nas periferias da humanidade. Igreja 'em saída'", sublinhou ainda.

O cardeal ressaltou que, hoje em dia, parte dessa missão da Igreja está na Amazônia. "[Uma Igreja] integrada na história e na realidade do território — no caso, a Amazônia —, atenta aos gritos de socorro e às aspirações da população e da 'casa comum', aberta ao diálogo, sobretudo ao diálogo inter-religioso e intercultural", disse.

Hummes pediu que as instituições católicas trabalhem com outras religiões, além de organizações científicas, governamentais e populares, no intuito de "defender e promover a vida das populações da área, especialmente dos povos originários e a biodiversidade do território na região amazônica".

O cardeal enfatizou que o Sínodo ocorre em meio a um momento em que o tema do aquecimento global é urgente. "Ocorre no planeta uma devastação, depredação e degradação galopante dos recursos da terra, promovidas por um paradigma tecnocrático globalizado, predatório e devastador. A Terra não aguenta mais", completou.