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Bolsonaro convida investidores à Amazônia: "Não serão queimados"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

10/10/2019 10h49

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez piada hoje com a recente crise provocada pelos incêndios na Amazônia e disse a uma plateia de investidores, vários deles estrangeiros, que não morreriam queimados ao visitarem a floresta.

"Aproveito a oportunidade para convidar as pessoas de fora que estão aqui, conheçam a Amazônia. Vocês não serão queimados, pode ter certeza", afirmou o presidente.

Bolsonaro deu a declaração durante discurso no Fórum de Investimentos Brasil 2019, que acontece hoje e amanhã na capital paulista. Ao longo da manhã, o presidente vai se reunir com executivos de empresas estrangeiras.

Ao falar da Amazônia, Bolsonaro disse que a floresta é uma "área lindíssima" e "quase totalmente preservada".

"Queremos explorar a Amazônia de forma sustentável", afirmou.

O presidente também disse que seu governo "sofreu" com a atuação da imprensa nacional e estrangeira sobre as queimadas, o que segundo ele tinha como objetivo "abalar a nossa soberania sobre a região".

Bolsonaro voltou a exaltar as reservas minerais existentes na Amazônia e defendeu a legalização do garimpo na região. O presidente também advogou pela exploração econômica de terras indígenas —segundo Bolsonaro, os indígenas são por vezes "latifundiários pobres em cima de terras ricas".

Elogios à equipe econômica

O presidente também buscou apresentar aos presentes um Brasil estável para investimentos, com previsibilidade e regras bem definidas, além de perspectivas de crescimento.

Bolsonaro durante discurso  - Divulgação/Ministério da Economia - Divulgação/Ministério da Economia
Bolsonaro durante discurso
Imagem: Divulgação/Ministério da Economia

Como vem fazendo desde que assumiu o governo, Bolsonaro quis passar a mensagem de que não interfere na área econômica e de que seu governo segue a linha liberal na economia.

O presidente elogiou o ministro da Economia, Paulo Guedes, por quem se disse "convencido" ao liberalismo econômico, apesar da formação "estatizante" que teve como militar.

Bolsonaro também destacou a autonomia não só de Guedes, dizendo que não fez indicações políticas no Ministério da Economia, mas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

"Eu só ligo para o Banco Central depois que ele decide o Copom", afirmou.

Antes de Bolsonaro, Guedes também discursou. O ministro afirmou que o Congresso está apoiando a agenda de reformas do governo "em bases temáticas" e que o Brasil está "indo em direção a um Banco Central independente".

Silêncio sobre PSL

Bolsonaro ainda não falou com a imprensa presente ao evento. Em seu discurso, ele não falou sobre sua possível saída do PSL, partido ao qual se filiou há menos de dois anos para disputar a eleição para presidente.

Na terça (8), Bolsonaro disse a um apoiador para "esquecer" o PSL e que o presidente da sigla, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), estava "queimado".

O avanço do noticiário sobre a suspeita de candidaturas laranjas no PSL aparece como pano de fundo da possível saída de Bolsonaro. No domingo (6), a Folha revelou que um depoimento e uma planilha obtidos pela Polícia Federal sugerem que recursos do esquema abasteceram, por meio de caixa dois, também a campanha de Bolsonaro.

Ontem, em entrevista ao UOL, Bivar evitou relacionar a crise das candidaturas laranjas com a eventual saída de Bolsonaro do partido. Para o deputado, Bolsonaro "tem o sentimento de que é hora de descartar o PSL para ser reeleito" —ou seja, sua saída da legenda faria parte de uma estratégia para tentar a reeleição em 2022.