RS tem céu cinza, mas não é chuva: 'fumaça australiana', diz meteorologista
Resumo da notícia
- Sudeste da Austrália sofre uma das piores ondas de incêndios da história
- Fumaça cruzou o Oceano Pacífico e atingiu Argentina, Uruguai e agora o Rio Grande do Sul
- Efeito é sutil: céu se torna acinzentado, lembrando um dia nublado
Parte do Rio Grande do Sul amanheceu hoje com o céu acinzentado, mas não se trata de nuvens de chuva. Segundo a Metsul, empresa local de meteorologia, a formação é fumaça proveniente dos incêndios da Austrália.
O fenômeno é visível nas cidades gaúchas em que o dia não está encoberto por nuvens "normais", como Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Em Porto Alegre, onde o céu está parcialmente nublado, o efeito passa despercebido.
Estael Sias, meteorologista da Metsul, afirma também que horário do pôr do sol é o melhor para visualização da fumaça e dará ao céu uma coloração alaranjada.
Na altura dos aviões
A fumaça australiana está a 10 mil metros de altura, por onde circulam os aviões comerciais em modo cruzeiro, e está sendo transportada por corrente de vento na qual a velocidade pode chegar a 300 quilômetros por hora. Chegou ao Rio Grande do Sul após percorrer uma distância de 13 mil quilômetros. Durante o percurso, a fumaça foi se dispersando e, por isso, não chega com tanta intensidade.
"Não trará grandes problemas, como chuva ácida, por exemplo", observa a meteorologista. O fenômeno começou a se formar nas últimas duas semanas e há uma semana está se deslocando em direção à América do Sul. Já passou pela Argentina e pelo Uruguai.
Chuva impedirá avanço por SC e PR
A presença de chuva em Santa Catarina e Paraná vai evitar hoje o avanço da fumaça para outros estados brasileiros.
Conforme Estael, o tempo chuvoso provoca uma barreira, impedindo o deslocamento para o norte e também ajudando na dispersão do material.
Entretanto, nos próximos dias, com o tempo seco, a formação poderá ser vista no sul de Santa Catarina.
Não há uma previsão de quanto tempo permanecerá na região Sul do país.
"Vai depender do comportamento do tempo. A fumaça vai ficar circulando, vai dar volta ao mundo e pode voltar novamente para cá", observa a meteorologista.
Nuvem similar à de vulcões
Das florestas incendiadas, a fumaça foi transportada a 10 mil metros de altura por meio de uma nuvem Pirocumulus. A formação desse fenômeno é similar à registrada durante erupção de vulcões. Foi o que aconteceu em 2015 quando o vulcão Calbuco entrou em atividade no Chile, trazendo as cinzas para o Rio Grande do Sul.
No ano passado, a fumaça das queimadas registradas no Cerrado e na Amazônia chegou até cidades de São Paulo e Paraná. Conforme a meteorologista, o fenômeno registrado agora é de menor intensidade em relação ao de 2019. Um dos motivos é a proximidade da Amazônia e do Cerrado com o Sudeste do país.
"No caso da fumaça da Amazônia o vento em torno de 1.500 metros de altitude levou a fumaça até SP numa distância menor. Agora, é o vento em 10 mil metros que transporta a uma distância se 13 mil quilômetros. Apesar de o incêndio na Austrália ser muito mais grave e catastrófico em relação às queimadas da Amazônia, pela distância, o efeito aqui é menor", complementa Estael.
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