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Isolamento social evitou 802 mortes por poluição em São Paulo, diz estudo

Foto de abril de 2020 mostra a região central de São Paulo com nítida diminuição visual da poluição - Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
Foto de abril de 2020 mostra a região central de São Paulo com nítida diminuição visual da poluição Imagem: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

27/01/2021 20h24

Um estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) estimou que as medidas de isolamento social adotadas nos primeiros meses da pandemia de covid-19 na cidade de São Paulo evitaram 802 mortes por conta da redução da poluição. A emissão de gases nocivos aos seres humanos foi reduzida consideravelmente no período graças, principalmente, à redução da circulação e veículos na capital.

A análise do ICAQF (Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas) foi publicada no periódico científico internacional Sustainability e avaliou a redução dos poluentes entre 16 de março e 14 de junho de 2020. Como base de comparação, o estudo considerou o mesmo período de 2019. Foram utilizados dados de 15 estações automáticas de monitoramento da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

A maior redução na poluição do ar foi constatada pela presença 58% menor de dióxido de nitrogênio (NO2) na atmosfera. Já o material particulado com até 2,5 micrômetros de diâmetro (MP2,5) caiu 46% e o com até 10 micrômetros de diâmetro (MP10) teve queda de 45%.

O cálculo de óbitos evitados foi obtido considerando as mortes prematuras decorrentes de doenças cardiorrespiratórias que são ocasionadas pela poluição do ar. Com as 802 vidas poupadas, o estudo também estimou que a cidade economizou US$ 720 milhões (R$ 3,9 bilhões) em custos relacionados à saúde.

Por outro lado, no período analisado a doença causada pelo novo coronavírus provocou 5.623 mortes em São Paulo, o que representa uma perda econômica de US$ 10,5 bilhões (R$ 56,84 milhões) segundo os pesquisadores da Unifesp.

"Nada exclui ou ameniza o impacto trágico da pandemia, mas creio que o importante é aproveitarmos a experiência desse evento inusitado para planejar políticas públicas que protejam a população dos eventos adversos em saúde associados à poluição do ar. Ou seja, diminuir deslocamentos veiculares é viável e isso protege vidas", comentou a pesquisadora Simone Miraglia, professora do ICAQF no Campus Diadema.

Segundo levantamento da Cetesb, a melhora na qualidade do ar e redução da poluição em São Paulo não durou muito além dos primeiros meses da pandemia, que provocou medidas de isolamento social na cidade em meados de março.

Após uma grande redução, os índices voltaram a aumentar e chegaram a ser maiores no segundo semestre de 2020 do que no mesmo período de 2019.