Documentos mostram que Brasil tenta mudar relatório sobre mudança climática
Ao todo, são mais de 30 mil arquivos enviados por governo, empresas e outras partes interessadas aos pesquisadores encarregados de elaborar o relatório das Nações Unidas sobre a melhor maneira de enfrentar a crise atual, às vésperas da cúpula do clima COP26, que acontecerá na cidade escocesa de Glasgow, no Reino Unido.
As informações, da equipe 'Unearthed', do Greenpeace, foram enviadas hoje à Agência Efe. Elas indicam que alguns dos maiores produtores de carbono, petróleo, carne bovina e alimentos para animais tentam provocar algum tipo de influência, já que as análises sobre a mudança climática podem ameaçar seus interesses.
Segundo as revelações feitas hoje, Brasil e Argentina estão entre os países que buscam fazer pressão junto ao grupo de trabalho do 3º Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, pela sigla em inglês), cuja missão é oferecer, a cada seis ou sete anos, dados científicos concretos sobre a crise e cujo próximo relatório é esperado para a segunda metade de 2022.
Os pesquisadores do IPPC, de acordo com os documentos divulgados pelo Greenpeace, não têm a obrigação de aceitar os comentários feitos pelos governos, mas os arquivos permitem que as posições dos líderes mundiais sejam conhecidas.
Segundo o vazamento, os produtores de combustíveis fósseis, incluindo Austrália, Arábia Saudita e os membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), estão pressionando para que seja eliminada ou fragilizada a conclusão de que o mundo precisa eliminar rapidamente esse tipo de bem.
Brasil e Argentina, dos dois maiores produtores mundiais de carne bovina e ração anima, estão pressionando o IPCC para retirar as mensagens sobre os benefícios climáticos da promoção de dietas baseadas em vegetais e de frear o consumo de carne e alimentos lácteos.
O governo da Austrália solicitou ser retirado de uma lista de principais produtores e consumidores de carbono do mundo. sob o argumento de não utilizar tanto quanto outras nações, apesar de ter sido o quinto maior produtor do entre 2018 e 2021.
A diretora-executiva do Greenpeace International, Jennifer Morgan, afirmou nesta quinta-feira que é possível ver "como um pequeno grupo de países produtores de carbono, petróleo e carne continuam colocando os lucros de algumas indústrias contaminantes à frente da ciência e do futuro do nosso planeta.
"Ao invés de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e a produção insustentável de carne, estão utilizando cada oportunidade para proteger seus interesses corporativos e continuar com os negócios como de costume, enquanto o planeta queima", afirmou a representante da organização.
Para Morgan, o teste para os líderes mundiais é "se estão de acordo ou não em eliminar rapidamente os combustíveis fósseis".
"A história não será cordial com eles, se fracassarem. E estaremos observando", garantiu a diretora do Greenpeace International. EFE
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