WWF demonstra otimismo moderado com negociações na reta final da COP26
"Apesar de terem acontecido anúncios, realmente, bons, que devemos celebrar, falta escrutínio público e transparência", indicou o porta-voz de Energia e Clima do WWF e ex-ministro do Meio Ambiente do Peru, Manuel Pulgar Vidal, em entrevista coletiva.
Na COP 26, que entrou hoje na última semana, busca-se a continuidade do Acordo de Paris, para manter o avanço das temperaturas, até o fim do século, abaixo dos 2 graus, na comparação com o período pré-industrial. O objetivo, contudo, é conseguir uma limitação do aquecimento em 1,5 grau, no máximo.
Na semana passada, foram feitos diferentes anúncios no financiamento dos setores privados e nos compromissos com o desmatamento, assim como para que se deixe o uso do carbono para geração de energia.
A brasileira Fernanda Carvalho, gerente de políticas para Clima e Energia do WWF também indicou satisfação diante do avanço das negociações, mas destacou que, para 2030, há previsão de aumento das emissões em 16%.
A representante da organização lembrou "a ciência é muito clara, de que, para existir alguma possibilidade de manter o 1,5 grau ao alcance, temos que reduzir as emissões entre 45% e 50%.
Carvalho afirmou que, para chegar a essa meta, é importante que seja acordado revisar os compromissos dos países a cada cinco anos, e não a cada dez, começando em 2025.
Além disso, considerou "chave" que sejam protegidas as florestas e os oceanos, como sequestradores de carbono, assim como os governos se comprometam a deixar de subsidiar os combustíveis fósseis.
O especialista do WWF em mercados de carbono, Brad Schallert, por sua vez, indicou que houve progresso nas conversas sobre o artigo 6 do Acordo de Paris, que busca regular os créditos de carbono.
"Vejo uma expressiva diferença na comparação com os anos passados. Os negociadores fizeram um esforço real para encontrar pontos em comum", disse o representante da organização.
Ainda existem pontos de divisão no debate sobre os mercados de carbono, que o WWF definem como complexos de técnicos, em que o mais importante é "evitar uma dupla contabilidade".
O artigo 6 do Acordo de Paris prevê a possibilidade de gerar créditos de carbono, ou seja, os países ou empresas que geram CO2 podem comprar licenças de emissão de outros países.
Schallert afirmou que o Brasil pressiona "para tentar fazer dupla contabilidade", o que considera "inaceitável para o WWF e para a maioria dos países". Além disso, também cobrou evitar o "ar quente", como definiu o que fazem as nações que "tentam ganhar nas métricas a seu favor e inflar o impacto nas emissões dse uma atividade". EFE
jaf/bg
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