Governo do Peru paralisa atividades em refinaria envolvida em derramamento
O anúncio foi feito em uma entrevista coletiva pelo ministro do Meio Ambiente do Peru, Rubén Ramírez, após afirmar que "a Repsol não deu a certeza de que pode lidar com um novo vazamento" em La Pampilla, a maior refinaria do país, que processa diariamente cerca de 120.000 barris de bruto.
Ramírez destacou que essa paralisação continuará até que a empresa forneça às autoridades nacionais "garantias técnicas de que nenhum outro dano ocorrerá no mar peruano", o que inclui modificar os planos de contingência de forma mais drástica.
Da mesma forma, a Repsol deverá apresentar "um plano de gestão de derramamentos de hidrocarbonetos no mar" e suas instalações terão de ser novamente certificadas pelas autoridades competentes para validar sua integridade.
TODOS OS QUATRO TERMINAIS FECHADOS.
A paralisação, determinada através de uma resolução da Agência Fiscalizadora de Avaliação Ambiental (OEFA), contempla os quatro terminais marítimos que a La Pampilla usa para abastecer-se de petróleo, incluída a moderna monobóia instalada em 2019, a primeira de seu tipo no país.
Diferentemente da monobóia, onde o navio pode se movimentar durante a operação de descarga, os demais terminais exigem que os navios tenham uma posição fixa, ancorados em diversas bóias ao redor da plataforma coletora de óleo.
Foi no terminal número 2 deste tipo que ocorreu o acidente que provocou a catástrofe ambiental, quando tudo indica que a plataforma coletora se soltou em coincidência com um aumento do nível do mar provocado pelo tsunami gerado pela erupção vulcânica em Tonga.
Por sua parte, o navio Mare Doricum, envolvido no derramamento, continua ancorado na baía de Callao com uma ordem de imobilização sob fiança de 150 milhões de soles (cerca de US$ 39 milhões).
PRAZOS PERDIDOS.
O óleo derramado se espalhou por cerca de 50 quilômetros de costa, desde Ventanilla, em Callao, região portuária perto de Lima, até a cidade de Chancay, no norte do departamento de Lima.
Na superfície, o óleo se espalhou por 11,9 quilômetros quadrados entre praias e águas, segundo o último relatório divulgado pelas autoridades peruanas.
Sobre as ações empreendidas pela Repsol para remediar as áreas afetadas, o ministro Rubén Ramírez afirmou que a empresa "não demonstrou ações claras de limpeza e remediação diante do que já aconteceu".
Ramírez já havia antecipado na sexta-feira da semana passada que não está satisfeito com o trabalho da empresa e que tomaria as medidas necessárias junto ao Ministério Público e à OEFA.
Por sua vez, a OEFA salientou que a Repsol não cumpriu os primeiros prazos impostos para a limpeza do derramamento, razão pela qual alertou que a empresa está exposta a várias sanções, que podem chegar a 18,4 milhões de soles (US$ 4,8 milhões).
Inicialmente, a empresa classificou a tragédia ambiental como um incidente menor e relatou apenas o derramamento de 0,16 barris (cerca de 25 litros), de modo que as autoridades peruanas não souberam da magnitude do desastre até o dia seguinte, quando o óleo invadiu as praias de Ventanilla.
LIMPEZA COM ALTA TECNOLOGIA.
Em comunicado, a Repsol detalhou no domingo que implantou mais de 6.100 metros de barreiras para conter o petróleo flutuante nas praias mais afetadas de Ventanilla, e espera chegar a 10.000 metros nos próximos dias.
A empresa também conta com mais de 2.000 pessoas contratadas para limpar as praias em terra, além de 144 unidades de máquinas pesadas, 10 skimmers, 32 grandes embarcações, 44 pequenas embarcações e 26 tanques de armazenamento.
Nos próximos dias, chegarão mais 200 toneladas de equipamentos para limpar e conter o derramamento, o que representou um custo de cerca de US$ 28 milhões para a Repsol.
Além disso, a empresa espanhola recorreu aos serviços de consultorias como a Lamor e a Oil Spill Response Limited (OSRL), especializadas em fornecer soluções para incidentes ambientais, e também utiliza a mais avançada tecnologia de satélite para monitorar os trabalhos de limpeza. EFE
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