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Sinal de alerta: bicho gelatinoso que brilha no escuro invade águas quentes

Pirossoma encontrado pelo mergulhador Steve Hathaway Imagem: Reprodução / Facebook / Steve Hathaway

Colaboração para o UOL

17/05/2024 04h00Atualizada em 17/05/2024 10h59

Conforme a temperatura dos oceanos aumenta, os pirossomas, uma espécie de zooplâncton gelatinoso também conhecido como "picles do mar", têm se multiplicado em regiões que antes não eram comuns — e atrapalhado suas cadeias alimentares.

Conheça os pirossomas

Cientificamente chamado de Pyrosoma atlanticum, o pirossoma é um tipo de zooplâncton gelatinoso, do grupo dos tunicados pelágicos, abundante em ambientes oceânicos abertos. Eles são normalmente considerados uma espécie de água quente e costumam ser encontrados nos trópicos.

Estes animais possuem corpos muito delicados. Espécie faz parte de um grupo polifilético de organismos marinhos caracterizado por um elevado teor de água em seus tecidos.

Além do corpo gelatinoso e transparente, os pirossomas têm formato de cone e podem chegar a até 18 metros de comprimento — mas a maioria deles atinge apenas alguns centímetros.

Tecnicamente, cada um dos pirossomas é uma colônia de outros animais multicelulares chamados zooides, que são responsáveis por formar esse tubo oco que é o animal.

Brilho no escuro. Segundo estudo publicado na Nature em 2021, os pirossomas também são conhecidos pela sua bioluminescência. No entanto, a causa desta característica é assunto de debate. Enquanto alguns especialistas sugerem a bioluminescência intrínseca do pirossoma, outros acreditam na existência de uma relação específica do hospedeiro com simbiontes microbianos.

Pirossoma menor encontrado em praia Imagem: Reprodução / Wikimedia Commons / emilyd47

Ainda de acordo com o artigo divulgado na revista científica, sabe-se que os pirossomas podem alterar os ecossistemas marinhos — representando uma ameaça à cadeia alimentar. Quando presentes em um ambiente, eles não são presas tão frequentes de peixes, tartarugas, aves e mamíferos marinhos, mas fornecem habitats para invertebrados. Porém, além disso, por se alimentarem de fitoplâncton, uma base alimentar para diversas criaturas, acabam prejudicando a oferta de alimentos para animais como peixes.

Em estudo publicado na NewScientist, Lisa Crozier, cientista pesquisadora do NOAA Fisheries Northwest Fisheries Science Center, explica: "Os pirossomas consomem animais na base da cadeia alimentar e retêm essa energia. Eles estão retirando do sistema a energia de que os predadores precisam".

Relação do aquecimento dos oceanos com os pirossomas

A população dos pirossomas está crescendo no litoral dos estados norte-americanos de Washington e Oregon. O que estaria por trás do fenômeno é o aquecimento das águas do oceano, já que a espécie é normalmente considerada de água quente.

Portanto, conforme oceanos tradicionalmente frios — como é o caso do Pacífico — se aquecem, os pirossomas começam a visitar e colonizar lugares novos, atrapalhando os ecossistemas locais.

Competição entre espécies. Um estudo feito pela Universidade Estadual do Oregon, nos EUA, apontou que "os pirossomas poderiam competir com outras espécies importantes pela alimentação, alterando potencialmente a cadeia alimentar marinha" da região.

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