Vai encarar? Crustáceo tem soco de 108 km/h e visão ultravioleta
Um soco que se assemelha a força de um projétil. É assim que é descrito a forma que as tamarutacas atacam as suas presas pelos mares afora.
Apesar de ter ganhado o apelido de "lagosta-boxeadora" pela imponência do ataque, esses animais não são lagostas — mas sim estomatópodes, outra classificação para os crustáceos.
O que são tamarutacas?
Não é lagosta. Ainda que pertença à mesma classe (Malacostraca), ele é de um grupo específico dos crustáceos, os estomatópodes (Stomatopoda). No Brasil, são conhecidos como tamarutacas, taburutacas ou siribóias — existindo aproximadamente 50 espécies por aqui.
Stomatopoda significa algo como 'pés associados à boca', se referindo às patas especializadas que esses animais possuem. Existem aproximadamente 500 espécies ao redor do mundo, em regiões marinhas tropicais e subtropicais.
Nicholas Kriegler, doutorando da UNESP-IB/RC e membro do Crusta - Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos da UNESP-IB/CLP
São subdivididos em dois grupos: perfuradores e quebradores. O segundo par de "perninhas" (chamados de maxilípedes raptoriais) são modificados para capturar presas, podendo ter a função de perfurar ou quebrar.
Os perfuradores normalmente vivem em tocas na areia ou lama, são especialistas em capturar peixes e camarões, ou outros animais que passem desavisados na entrada de suas tocas. Já os quebradores vivem associados a recifes de corais ou rochas, se especializaram em predar animais com conchas ou carapaças mais duras, como bivalves, gastrópodes, ermitões e caranguejos.
Nicholas Kriegler, doutorando da UNESP-IB/RC e membro do Crusta - Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos da UNESP-IB/CLP
Soco como projétil
A força de um quebrador é equivalente a um projétil disparado por uma pistola 9mm. O movimento que uma tamarutaca faz para atacar as suas presas é muito semelhante a um soco. Ele pode chegar a uma velocidade de 108 km/h. Já os perfuradores têm muitos espinhos e conseguem agarrar as presas a uma velocidade de até 21 km/h.
São normalmente animais solitários e territorialistas, por isso, são bastante agressivos, mas não possuem veneno, sendo inclusive consumidos por humanos em algumas regiões do planeta.
Nicholas Kriegler, doutorando da UNESP-IB/RC e membro do Crusta - Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos da UNESP-IB/CLP
Movimento é rápido e potente. Basicamente, para atacar uma presa, a tamarutaca precisa de energia elástica, trava e alavancas — que são da própria fisiologia deles.
Os músculos se contraem e acumulam energia elástica enquanto o maxilípede ["perninha"] é mantido recolhido com ajuda de uma trava anatômica. Quando liberada essa trava, o apêndice libera a energia acumulada e gira numa velocidade de 1,1 milisegundos, liberando essa força extrema. O movimento é tão rápido que gera uma bolha de cavitação, que ajuda a atordoar a presa caso o impacto não seja suficiente para matá-la.
Nicholas Kriegler, doutorando da UNESP-IB/RC e membro do Crusta - Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos da UNESP-IB/CLP
Apesar de fortes, elas são pequenas. As tamarutacas podem variar de 2 cm a 30 cm de comprimento, dependendo da espécie.
Visão extraordinária
Wildlife Wonder:
-- Make Me Wonder (@MakeMeWonder736) April 13, 2024
The Mantis Shrimp has the most complex eyes in the animal kingdom, capable of seeing polarized light and ultraviolet radiation! #WildlifePhotography #Interesting pic.twitter.com/Mzo9ko38SB
Além do soco potente, as tamarutacas têm uma visão capaz de captar raios ultravioletas. Outro aspecto da visão é que a posição onde estão os olhos — como se estivessem na extremidade de uma haste — podem se mover quase que independentemente um do outro, o que amplia ainda mais a percepção delas.
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Quero receberEnquanto os seres humanos possuem apenas 3 fotorreceptores de cor nos olhos, as tamarutacas possuem 16 fotorreceptores, o que dá a esses animais uma capacidade de enxergar cores muito além do espectro visível, como o ultravioleta, por exemplo.
Nicholas Kriegler, doutorando da UNESP-IB/RC e membro do Crusta - Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos da UNESP-IB/CLP
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