Papa Francisco não pensa em fazer mudanças doutrinárias na Igreja
A grande repercussão em torno da eleição do cardeal Bergoglio como primeiro papa latino-americano tem dado origem a muitas especulações em torno dos rumos de seu pontificado. Evidentemente que, ao assumir o nome Francisco, o papa já delineou algumas posturas que vem adotando e recomendando a toda a Igreja, a exemplo do grande santo de Assis.
Para se compreender o percurso que ele vem traçando ao conduzir o imenso rebanho que lhe foi confiado, é fundamental conhecer o papel de são Francisco de Assis na Igreja. Aquele jovem, outrora rico e inconsequente, deu ao chamado do Senhor uma resposta fiel e generosa, que transformou definitivamente a sua vida, pautada a partir de então por simplicidade, humildade e pobreza.
Além da vivência pessoal de um despojamento que pretendia imitar o próprio Cristo, são Francisco de Assis recebeu do Senhor a missão de legar à Igreja este modelo, começando pela formação de uma comunidade à qual se foi agregando um número cada vez maior de seguidores, que ainda hoje continuam se multiplicando, sob variadas formas de vida consagrada e apostolado.
Assim, podemos constatar que tantos e tamanhos frutos, nascidos da vocação de um só homem, são obras de Deus que perduram até os nossos dias, e agora repercutem no pastoreio universal da própria Igreja através do papa Francisco.
Nosso sumo pontífice instaura, em nível eclesial, a dinâmica própria da vida de espiritualidade, que consiste no autoconhecimento para suscitar as mudanças necessárias ao aperfeiçoamento e, a partir daí, o compromisso com a missão. Sob o papado de Francisco promove-se intensamente a tomada de consciência pessoal, comunitária e institucional na Igreja Católica em busca de uma profunda conversão e retomada de maior radicalidade no seguimento dos valores evangélicos.
Entretanto, ao contrário de certas expectativas alarmistas daqueles que estão sempre à procura das novidades, o papa não cogita promover mudanças doutrinárias, o que estaria em contradição com aquilo que chamamos o “depósito da fé”, do qual ele é o primeiro defensor por conta do próprio ministério que exerce.
Papa Francisco tem se mostrado o grande anunciador da misericórdia – pelos pobres, carentes e marginalizados sob as mais diversas formas. Para essa feição tão característica do seu pontificado certamente contribui a experiência concreta das desigualdades e injustiças que o povo latino-americano compartilha ao longo de sua história.
O grande apelo para a unidade e a fraternidade também estão marcando este período da Igreja que, seguindo o grande ideal do Concílio Vaticano II, no século passado, prossegue abrindo-se ao diálogo com o mundo, incluindo aqueles que professam outros credos, ou nem mesmo o fazem.
A sua presença como liderança mundial já se destacou na preocupação com a paz, a justiça social, a inclusão dos refugiados, a preocupação com uma economia que não leva em consideração a pessoa. São questionamentos que ele tem colocado à sociedade e que, no fundo, são preocupações de todas as pessoas de boa vontade.
Sem perder sua raiz católica, o profundo humanismo que marca a atuação do papa Francisco contempla e acolhe cada pessoa, quem quer que ela seja, com o mesmo amor pelo qual Jesus Cristo morreu na cruz por cada um de nós do mundo todo.
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