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OPINIÃO

Kakay: Roberto Jefferson é a essência de Bolsonaro

Foto de 2020 mostra Roberto Jefferson (PTB) com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o PTB, na ocasião, conversaram sobre as eleições de 2022 - Reprodução/Facebook
Foto de 2020 mostra Roberto Jefferson (PTB) com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o PTB, na ocasião, conversaram sobre as eleições de 2022 Imagem: Reprodução/Facebook

Tenho a náusea física da humanidade vulgar, que é, aliás, a única que há. E capricho, às vezes, em aprofundar essa náusea, como se pode provocar um vômito para aliviar a vontade de vomitar."
Fernando Pessoa, no Livro do Desassossego

É importante que nós tenhamos uma visão exata do que está acontecendo com esse episódio do Roberto Jefferson. Este ex-deputado é a essência do Bolsonaro. Todos os absurdos protagonizados por ele têm uma exata representação do que é o mundo bolsonarista. Essa ridícula e criminosa resistência armada é cara do bolsonarista vulgar.

Aquele que se jacta de ser valente, acima da lei, senhor de todos os boçais. Aqueles que se orgulham de serem medíocres, rasos. Se agora, por conveniência, o Bolsonaro falar que ele exagerou, pode ter certeza, é falso. A resistência do bandido do Jefferson é a exata vontade do Bolsonaro e de seus asseclas, só que, covardes como são, estão fazendo um jogo não democrático. Mentindo. Omitindo.

Se esse episódio tivesse se dado há dois meses, teria o apoio entusiasmado do presidente Bolsonaro e dos seus comparsas. É importante não esquecer que a base do episódio grotesco de hoje começa com uma agressão vulgar, criminosa, rasa do deputado cassado Roberto Jefferson contra uma ministra do Supremo. E depois degringolou para um episódio completamente fora da tradição brasileira. O ex-deputado recebeu a Polícia Federal a tiros, feriu uma agente da Polícia Federal e um delegado, usando um fuzil e mais de uma granada.

É importante ressaltar que o ex-presidente Lula, quando condenado pelo correligionário do Bolsonaro, o ex-ministro Sérgio Moro, teve vários convites de asilo, propostas de resistência à prisão, mas em homenagem ao Supremo Tribunal, ao Judiciário e ao povo brasileiro resolveu se entregar e ficou 580 dias preso. Injustamente. Felizmente, hoje é um homem livre, sem nenhuma pendência com o Judiciário.

Não tenhamos dúvida, o episódio de resistência do bolsonarista Roberto Jefferson é de uma gravidade ímpar. É exatamente o resultado de uma política de ódio do presidente Bolsonaro que, inúmeras vezes, disse que não cumpriria uma decisão do Supremo Tribunal, exatamente o que fez hoje o seu seguidor. O que assusta é que foram encontradas 13 armas na residência do ex-deputado.

Ou seja, hoje existem 1 milhão e 500 mil armas nas mãos de civis, fruto de uma política armamentista e criminosa por parte dessa política fascista bolsonarista. O deputado cassado tinha ainda mais de uma granada em casa. Ou seja, esta é a cara, o retrato desse governo medíocre e fascista.

O Brasil está a uma semana de tomar uma decisão que vai definir os caminhos que iremos trilhar. Ou a barbárie barata, violenta e que representa a possibilidade do fim de todas as hipóteses de manter a base civilizatória que, ao longo de anos, o país conseguiu acumular ou o afastamento pelo voto desses fascistas violentos e brutais.

O Roberto Jefferson é a cara do Bolsonaro. Esbravejou. Atirou contra os policiais federais. Feriu uma policial federal no exercício do seu dever e também um delegado federal.

Covarde, se escondeu atrás de um padre de araque, sabugo do presidente Bolsonaro, e se entregou como um rato.

Não há mais nenhuma dúvida: quem ainda apoiar esse fascista apoia a hipótese de uma ruptura institucional. Vamos derrotar esse projeto de ódio e violência. Não vamos admitir que esses canibais incultos e medíocres, além de covardes e vulgares, possam destruir de vez o país. Pensem o óbvio: o Bolsonaro e o Roberto Jefferson são a mesma pessoa quando se trata de como eles lidam com a democracia e o respeito ao povo brasileiro.

Um se mostrou afoito e resistiu à bala a uma ordem do Judiciário. O outro quer fazer exatamente o mesmo, e já anunciou a todos que não cumprirá uma ordem judicial do ministro Alexandre de Morais. A diferença é que o Jefferson é um ex-deputado sem prestígio e sem força. O Bolsonaro, mesmo sendo um desqualificado, é o comandante em chefe das Forças Armadas. Sem prestígio e sem o respeito que o cargo naturalmente deve conferir. Mas ainda com a força do cargo. É bom apeá-lo pelo voto antes que ele, ridiculamente, se amotine e jogue uma granada e um tiro de fuzil contra a democracia brasileira.

Como ensina Miguel Torga no livro Penas do Purgatório: "E corta-me de vez as asas que me deste. Mandaste-me voar; e eu tinha um corpo inteiro a recusar este ímpeto celeste."