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Roberto Jefferson disse em 2020 que Bolsonaro era seu 'amigo pessoal'; veja

Do UOL, em São Paulo

23/10/2022 22h54Atualizada em 24/10/2022 02h46

O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) afirmou, em abril de 2020, que considerava o presidente Jair Bolsonaro (PL) um "amigo pessoal". A declaração do político foi feita durante entrevista concedida ao jornalista do UOL Tales Faria.

O Bolsonaro é o meu amigo pessoal. Guardamos isso do passado."
Roberto Jefferson, em abril de 2020

Neste domingo (23), Jefferson disparou mais de 20 tiros de fuzil e lançou duas granadas contra agentes da Polícia Federal que tentavam cumprir o mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A operação ocorreu um dia após Jefferson xingar a ministra do STF e a comparar a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas".

Elogios ao presidente. Na entrevista ao UOL de dois anos atrás, Jefferson afirmou que Bolsonaro é um "homem correto, sério, simples" e que sentiu "indignado" e na "obrigação de defendê-lo" após "vê-lo apanhar como estava apanhando".

O ex-parlamentar admitiu, entretanto, que fazia tempo que não se encontrava pessoalmente com o ex-presidente e nem mesmo conversava pelo telefone. Os dois já fizeram parte do mesmo partido.

Ele [Bolsonaro] foi o meu liderado na Câmara. Eu era o líder do PTB e o Bolsonaro era o liderado meu na bancada do PTB. Depois ele deixou o partido e foi para o PP. Mas o que eu posso dizer do Bolsonaro é que ele é um homem correto, simples, humilde. E eu não estou próximo a ele. Mas fiquei muito indignado de vê-lo apanhar como vem apanhando, sem vozes a defendê-lo."
Roberto Jefferson

À época, Bolsonaro vinha sendo criticado e Jefferson disse que havia uma "conspiração demista e tucana" contra o presidente, referindo-se ao PSDB e ao DEM —partido que depois se uniu ao PSL dando origem ao União Brasil.

"Está todo mundo apassivado. Ninguém bota o peito, defende o presidente da República. E eu me senti compelido, me senti obrigado a defender o presidente Bolsonaro e o seu governo, sem nenhuma proximidade, volto a repetir", afirmou. "Eu não me encontro com o Bolsonaro...deve ter uns dois anos e meio."

Reação do candidato à reeleição. Neste domingo, Bolsonaro condenou a atitude de seu aliado político, o chamou de "criminoso" em vídeo que anunciava a prisão e disse que Jefferson teve "tratamento" de "bandido". No entanto, vídeo que circula entre policiais mostra uma conversa amigável entre o ex-deputado e um agente, antes da prisão.

Mais cedo, o presidente já havia tentado afastar sua imagem da de Jefferson. Mentiu ao dizer que não tinha nenhuma foto com o ex-deputado —nas redes sociais, é possível localizar diversas imagens dos dois juntos. O próprio PTB publicou fotos de Bolsonaro e Jefferson juntos, em setembro de 2020. E a agenda oficial de Bolsonaro indica um encontro dos dois em agosto de 2021, dez dias antes da prisão do ex-deputado federal.

Na noite de domingo, o chefe do Executivo também negou a amizade durante sabatina na Record.

Jefferson gravou vídeos antes de ser preso. O ex-deputado gravou vídeos em que confirma ter reagido à prisão contra agentes da PF. Em uma gravação registrada dentro de sua casa, ele disse que não iria se entregar aos agentes.

"Chega, me cansei de ser vítima de arbítrio, de abuso. Infelizmente, eu vou enfrentá-los", disse ele, instantes depois do ataque. "Eles atiraram em mim, eu atirei neles. Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito. Mas eu não me entrego."

A PF informou que agentes foram à casa de Jefferson para cumprir a ordem de prisão e o alvo reagiu à abordagem, quando os agentes se preparavam para entrar na residência. Dois policiais, sendo uma mulher, foram atingidos por estilhaços, mas passam bem.

Padre Kelmon participou de negociação. O candidato derrotado à presidência, Padre Kelmon (PTB), foi à residência de Jefferson para negociar a rendição do aliado político. Ele foi ovacionado por um grupo de apoiadores.

Kelmon só se tornou candidato na eleição presidencial após Jefferson ter a sua candidatura barrada, por unanimidade, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O motivo da impugnação foi a inelegibilidade do ex-deputado até dezembro de 2023, uma vez que foi condenado pelo STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em 2013, no caso do mensalão.

Em um vídeo que circula pelas redes sociais, Kelmon aparece negociando com o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e entregando duas supostas armas que seriam de Jefferson à polícia. (Veja o vídeo abaixo)