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Guardanapos, Amarildo, helicópteros: relembre polêmicas de Sérgio Cabral

Do UOL, em São Paulo

17/11/2016 15h40

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho (PMDB), 53, concentrou o poder no Estado pelo menos desde 2007, quando se elegeu governador pela primeira vez. Ele seria reeleito em 2010, mas renunciaria ao cargo em abril de 2014.

Seu vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), assumiu o cargo e conseguiu se reeleger no mesmo ano. Antes, Cabral já conquistara outros quatro mandatos: três como deputado estadual (1991-2003), quando chegou a presidir a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), e um como senador (2003-2006).

Como governador, Sérgio Cabral Filho comandou a construção de grandes (e milionárias) obras públicas no Estado, em grande parte relacionadas à organização da Copa do Mundo de 2014 e da Rio-2016. O relacionamento próximo (ou promíscuo e criminoso, para o Ministério Público e críticos) com grandes empreiteiros, como Fernando Cavendish, da Delta Construções, foi uma marca de sua gestão.

O registro fotográfico de encontro entre secretários estaduais de Cabral e Cavendish em um restaurante de Paris, em que todo o grupo aparece com guardanapos de pano branco amarrados na cabeça, mobilizou a opinião pública, gerou protestos e entrou para a história como a "Farra dos Guardanapos". Cabral aparece em outras fotos festivas ao lado de Cavendish.

Os governos de Cabral também foram marcados por políticas de segurança pública ostensivas, como as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que ocuparam comunidades e confrontaram traficantes. Mas a ação da polícia de Cabral deixou uma pergunta angustiada, indignada e vergonhosa: "Onde está Amarildo?".

O pedreiro Amarildo desapareceu no dia 14 de julho de 2013, ao ser levado da porta de casa por policiais militares, na Rocinha. Nunca mais foi encontrado. Policiais militares foram condenados no caso em primeira instância.

Relembre agora algumas polêmicas envolvendo o ex-governador, preso nesta quinta-feira (17) na Operação Calicute da Polícia Federal, acusado de comandar esquema de corrupção no Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Relembre polêmicas de Sérgio Cabral Filho (PMDB)

  • Divulgação/Blog do Garotinho

    A "Farra dos Guardanapos"

    Em abril de 2012, vazaram fotos de encontro, em Paris, entre secretários estaduais de Sérgio Cabral, de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e do empreiteiro Fernando Cavendish, além do próprio Cabral. O episódio, que ficou conhecido como "Farra dos Guardanapos", lançou dúvida sobre a relação de Cabral com empreiteiros e gerou protestos no Rio. Na foto, aparecem, por exemplo, o então secretário estadual da Saúde, Sérgio Côrtes (à esq.), o então secretário estadual de Governo, Wilson Carlos (ao fundo, à esq.) e Cavendish (ao centro). Wilson Carlos também foi preso nesta quinta-feira, na operação da Polícia Federal.

  • Divulgação

    Um anel de R$ 800 mil

    A prova da associação de Sérgio Cabral com Fernando Cavendish seria o anel que o empreiteiro deu de presente de aniversário para a mulher do então governador, Adriana Ancelmo, em viagem a Mônaco, conforme revelou o jornal "O Globo". O anel seria avaliado em R$ 800 mil. Na foto, registro da viagem a Mônaco, em 2009.

  • Julia Afonso/UOL

    Abaixo a farra

    A população do Rio de Janeiro amarrou guardanapos brancos à cabeça e foi às ruas em julho de 2013 para protestar contra suspeitas de corrupção no governo Cabral.

  • Alessandro Buzas/Futura Press

    Ocupa Cabral

    Os protestos de junho e julho de 2013 no Rio tiveram como alvo preferencial o governador. Manifestantes acamparam durante dias junto do prédio onde Sérgio Cabral mora, no Leblon, zona sul do Rio. Era o Ocupa Cabral pelo Fora, Cabral.

  • Reprodução/Facebook/Campanha Amarildo

    Onde está Amarildo?

    O desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza, levado de sua casa, na Rocinha, por policiais militares no dia 14 de julho de 2013 e nunca mais encontrado, foi uma das crises mais graves enfrentadas pela gestão de Sérgio Cabral. Na foto, placa na avenida Delfim Moreira, no Leblon, onde mora Cabral, é "rebatizada" por manifestantes com o nome do pedreiro Amarildo.

  • Julio Cesar Guimaraes/UOL

    Cachorro no helicóptero

    Em maio de 2013, Cabral foi acusado de fazer uso, para fins pessoais, do helicóptero oficial do governo do Estado. Grande parte das viagens, que incluíram inclusive o transporte do cachorro da família, tinha como destino a casa de praia do então governador, em Mangaratiba (RJ).

  • Marco Antonio Cavalcanti / Agência O Globo

    Morte na Bahia

    Em junho de 2011, a namorada de Marco Antônio Cabral, filho de Sérgio Cabral, morreu num acidente de helicóptero em Porto Seguro (BA). Também morreu na queda a mulher do empreiteiro Fernando Cavendish, entre outras pessoas. Era mais uma amostra da relação próxima entre Cabral e o dono da Delta Construções.

  • Divulgação

    A Copa é nossa

    A reforma do estádio do Maracanã foi um dos principais projetos para sediar a Copa do Mundo de 2014. A reforma é agora contestada pela Operação Lava Jato, que aponta o pagamento de propina a agentes públicos, e deu base à prisão preventiva de Cabral. Na foto, de fevereiro de 2013, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente da República, visita o canteiro de obras no Maracanã, acompanhado de Sérgio Cabral.

  • Alan Marques/Folhapress

    PMDB no poder

    Cabral chegou a rivalizar com o agora presidente da República, Michel Temer, pelo controle do PMDB. Segundo pessoas próximas ao ex-governador do Rio, ele queria assumir a presidência do partido, substituindo Temer. Cabral e Temer também se confrontaram no caso do impeachment de Dilma. Cabral foi um dos principais aliados da então presidente e se posicionou contra a cassação dela. Na foto de 2012, Cabral e Temer se abraçam durante encontro em Brasília.

  • Luiz Gomes/Futura Press

    Brincando com fogo

    Em junho de 2011, Cabral polemizou e provocou a ira dos bombeiros fluminenses, em greve por melhores salários. Cabral chamou os bombeiros que ocupavam o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, no centro do Rio, de "vândalos irresponsáveis". Não por acaso, portanto, um bombeiro soltou nesta quinta-feira (17) fogos de artifício na frente da sede da Polícia Federal no Rio, ao saber da prisão do ex-governador.