Em entrevista, Bolsonaro diz que MEC "abre as portas" para homossexualidade e pedofilia
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse nesta quinta-feira (31) que o Ministério da Educação (MEC) estimula a homossexualidade e “abre as portas” para pedofilia nas escolas com a distribuição dos kits anti-homofobia nas instituições de ensino fundamental e médio. A afirmação foi feita em entrevista à rádio Estadão-ESPN de São Paulo.
“Atenção, pais: os seus filhos vão receber um kit que diz que é pra combater a homofobia, mas na verdade estimula o homossexualismo”, disse. “Com a mentira de combater a homofobia, eles [o MEC] estão estimulando o homossexualismo e abrindo as portas para a pedofilia”, disse o parlamentar.
Os kits, que serão distribuídos em breve, são formados por cartilhas, vídeos, cartazes, entre outros materiais, e visam combater o preconceito contra crianças e adolescentes gays. O MEC não quis se manifestar a respeito das declarações de Bolsonaro.
Indagado por um dos entrevistadores, que questionou o porquê de o parlamentar tratar a homossexualidade como doença, Bolsonaro respondeu que não admite que se faça “apologia ao homossexualismo”. “[Homossexualidade] para mim é grave. Eu não admito fazer apologia ao homossexualismo, idolatrar o homossexual, deixar que o homossexual entre na escola”, afirmou.
Na sequência, questionado como reagiria se tivesse um filho homossexual, o parlamentar voltou a dizer o que já havia afirmado no programa CQC, na última segunda-feira (28). “Eu eduquei meu filho. Não corro esse risco.”
Na entrevista, sobrou até para Alexandre Mortágua, 16 --filho do jogador Edmundo com a ex-modelo Cristina Mortágua--, que recentemente assumiu ser gay. Na avaliação do deputado, a opção sexual do garoto foi determinada pelo ambiente em que ele cresceu. “Ele mesmo falou que para ele foi tudo muito fácil porque, desde criança, todas as amizades da mãe dele eram gays e só conversavam sobre homem, e ele disse que participava dessas conversas e acabou experimentando’”, afirmou.
Ode à ditadura militar
O parlamentar aproveitou a data de hoje --31 de março, dia do golpe de 1964-- para “saudar os militares” pelo serviço que prestaram ao país, ao implantarem a ditadura. “Hoje é 31 de março. Me permita saudar os militares. Junto com a imprensa, Igreja Católica, trabalhadores, mulheres na rua, fizeram com que nós não estivéssemos hoje cortando cana, a exemplo do pessoal de Cuba.”
Bolsonaro afirmou ainda que “não está preocupado em perder o mandato” pelas declarações ofensivas. “Eu tenho imunidade para falar ou para roubar”, disse.
Semana polêmica
As recentes polêmicas envolvendo o parlamentar começaram com um quadro do programa humorístico “CQC” exibido na última segunda-feira (28). Nele, a cantora Preta Gil perguntou ao deputado: “se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?”
A resposta, considerada racista por Preta Gil e por colegas de Bolsonaro no Congresso Nacional, foi a seguinte: “ô, Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu".
Durante a semana, o deputado afirmou que se confundiu com a série de perguntas feitas no quadro e não se referiu aos negros em sua resposta.
Contudo, para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), as declarações de Bolsonaro são "inaceitáveis". A entidade entrou nesta quarta-feira (30) com uma representação para abertura de processo por quebra de decoro parlamentar.
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