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Prefeito de Conceição da Barra (ES) é preso acusado de pagar por morte de sindicalista

Flávia Bernardes

Do UOL, em Vitória

31/01/2012 18h17

O prefeito de Conceição da Barra (259 km de Vitória), Jorge Donati (PSDB), foi preso na manhã desta terça-feira (31) um dia após mandado de prisão expedido pelo desembargador Sérgio Bizzotto. O prefeito é acusado de ter pagado R$ 7.000 pela morte do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos, em 2010.

Donati foi preso ao desembarcar de Brasília, no aeroporto Eurico Salles, em Vitória, e levado ao Quartel da Polícia Militar, em Vitória. No local, o advogado do prefeito, Homero Mafra, declarou que as acusações são infundadas e anunciou que entrará com pedido de liminar contra a decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Após a passagem pelo quartel, Donati foi conduzido para o Departamento Médico Legal, onde fez o exame de corpo de delito, e de onde seria transferido para o Centro de Triagem do Complexo Penitenciário de Viana. Segundo Homero Mafra, se seu cliente não for mantido em sala especial ele fará um pedido de prisão domiciliar.

No início da manhã, Donati chegou a ser anunciado como foragido, porém sua assessoria infirmou que o prefeito estava em Brasília cumprindo compromissos políticos. A prisão preventiva do prefeito foi pedida pela suposta ameaça a testemunhas do crime.

Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MP-ES), Donati vinha investindo, desde o início do curso da investigação criminal, “em pesadas ameaças, constrangimento de pessoas (sobretudo familiares da vítima) e testemunhas, o que demonstra com clareza não apenas a periculosidade do agente, mas também a possibilidade de ocultação ou destruição de provas”.

O pedido de prisão foi feito após suposta ameaça a testemunhas do crime, entre elas o então padre do município, Moacir Pinto, que teve de ingressar no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos.

O crime

A vítima, Edson Barcellos, era servidor concursado da administração municipal e passou a se dedicar ao sindicato. Ele vinha denunciando desvios de verbas que Donati teria praticado como chefe do Executivo municipal e iria prestar depoimento em Vitória sobre as denúncias de compra de votos durante a campanha do atual prefeito à eleição, em 2008. Foi assassinado antes de falar.

Segundo a irmã da vítima, Edivaldina Barcellos, a prisão do prefeito foi considerada uma vitória. “A prisão não foi à toa. Temos os assassinos presos e um padre que ouviu as declarações do prefeito antes de cometer as atrocidades. Há ainda o inquérito policial e, é claro, o pedido de prisão de conhecedores da lei, que não iriam mandar prender um prefeito se não tivessem muito bem embasados na lei”, disse a irmã.