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Membros de CPI negam acordo para evitar convocação de autoridades

Maurício Savarese

Do UOL, em Brasília

17/05/2012 15h04

Integrantes da CPI mista do bicheiro Carlinhos Cachoeira negaram nesta quinta-feira (17) que tenha havido um acordo para que nenhuma autoridade estivesse entre os 51 convocados para depor nos próximos meses. Em uma votação em bloco, 76 pedidos foram aprovados, incluindo quebras de sigilos, mas nenhuma das solicitações para ouvir políticos dotados de foro especial foi aprovada.

A construtora Delta, da qual Cachoeira seria um sócio secreto, segundo membros da CPI, terá investigadas apenas as suas ações no Centro-Oeste. Apenas Cláudio Abreu, um ex-diretor da empresa, teve sigilos quebrados. Os parlamentares podem voltar a discutir convocações na próxima semana ou apenas em 20 dias, depois das primeiras oitivas abertas.

Sigilo

Nos bastidores, parlamentares falam em um acordo que praticamente inviabiliza investigações além das já feitas pela Polícia Federal. Oposicionistas citados no escândalo, como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), não seriam chamados. O mesmo princípio valeria para os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), entre outros.

"Aqui não se fala em acordo, se votam requerimentos", disse o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). "Trabalhamos com blocos de requerimentos, não com iniciativa deste ou daquele partido. Teremos um grande material de trabalho, a polícia não investigou tudo e essas pessoas prestarão esclarecimentos importantes." Ele afirmou que haverá reuniões às segundas, terças e quintas-feiras para ouvir os depoentes.

Para os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Jorge Viana (PT-AC), as aprovações mostram "consenso" entre os que devem ser ouvidos e não indicam nenhum acordo. Entre os alvos da CPI estão o ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu; o ex-araponga Idalberto Araújo, conhecido como Dadá, e o contador Geovani Pereira da Silva, entre outros.

Todos foram flagrados em conversas com o bicheiro, acusado de organizar uma rede de agentes públicos e privados para sustentar negócios ilegais. O mesmo, no entanto, aconteceu com agentes públicos que dependem de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) para serem punidos.

Além da aprovação dos requerimentos, os membros da CPI também pediram informações à Polícia Civil do Distrito Federal sobre a operação Saint-Michel, que levou à prisão de Cláudio Abreu, ex-diretor da construtora Delta, envolvida no escândalo.