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Após ser pego enviando mensagem a Cabral, Vaccarezza nega blindagem a governador

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

18/05/2012 11h39

Após ser flagrado enviando uma mensagem por celular ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) negou nesta sexta-feira (18) que seu partido vai blindá-lo na CPI do Cachoeira.

Reportagem do “SBT” que foi ao ar ontem (17) flagrou Vaccarezza enviando uma mensagem de texto pelo celular a Cabral durante uma reunião da CPI. Na mensagem, o deputado escrevia: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu [sic]".

SBT flagra mensagem de Vaccarezza para Cabral

“O Cabral não é investigado, não é citado, não poderia estar blindando o que o blinda é a inocência dele”, disse Vaccarezza ao UOL.

A convocação de Cabral para falar na CPI era defendida por parte dos parlamentares. Fotos e vídeos divulgados no blog do deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) mostram a amizade do governador com Fernando Cavendish, presidente licenciado do Conselho de Administração da Delta Construções, empreiteira acusada de participação no esquema de Cachoeira.

Além de Cabral, os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) são citados em gravações da Polícia federal ou tem alguma relação com o bicheiro. A CPI, porém, não chamou nenhum deles para depor.

Sobre a mensagem, Vaccarezza argumentou que não estava tranquilizando Cabral e que não gostaria de comentar o teor da conversa dele.  “Foi um momento de distração [quando mandei a mensagem] e acho que isso não vai afetar os trabalhos da CPI”, afirmou.  

O parlamentar petista acrescenta que quem está “enrolado” com as investigações a cerca das relações do contraventor goiano é o governador de Goías.

 “Quem está enrolado é o Marconi Perillo, a PM era dirigida pela quadrilha [do Cachoeira], o Detran era dirigido pela quadrilha e uma cota de funcionários do governo era indicado pela quadrilha”, disse Vaccarezza.

“Promiscuidade política”

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), classificou a troca de mensagem de “promiscuidade política”.

“Isso coloca o governador sob suspensão ainda maior. Não torna imprescindível a presença do governador?”, questionou o líder tucano em discurso inflamado no plenário vazio do Senado.

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), também criticou a conversa de Vaccarezza e Cabral por “desgastar a ainda mais a imagem dos parlamentares”.

“Se sobrava algum resto de esperança de que o PT pudesse ajudar a apurar alguma coisa na CPI do Cachoeira, agora está provado que mais uma vez o partido engana a população. E na figura do ex-líder do governo na Câmara. É uma desmoralização pública”, afirmou Bueno.