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Após dizer que permaneceriam em silêncio, mulher de Cachoeira e policial são dispensados da CPI

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

07/08/2012 11h40Atualizada em 07/08/2012 14h10

Após responder por três vezes ao presidente da CPI do Cachoeira que permaneceria calada, mesmo sem ter habeas corpus para tal, a mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, foi dispensada do depoimento nessa terça-feira (7). O segundo depoente, Joaquim Gomes Thomé Neto, policial aposentado acusado de realizar serviços de arapongagem para a quadrilha de Cachoeira, também foi dispensado após se recusar a responder às questões dos parlamentares.

A dispensa de Andressa, que compareceu à CPI na condição de investigada, gerou tumulto entre os membros da comissão. “Um depoimento como de hoje não serve para a CPI, serve para a revista Caras”, disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). 

Mulher de Cachoeira fica calada e é dispensada

O presidente da CPI, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), chegou a oferecer a Andressa Mendonça, que estava na comissão na condição de investigada, a oportunidade de responder perguntas apenas aos parlamentares em reunião fechada, sem a presença da imprensa. Mas, ela não aceitou. 

O relator do caso, o senador Odair Cunha (PT-MG) também argumentou com ela que a participação na comissão poderia ser uma oportunidade de dar sua versão nos casos de ameaça à senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e da chantagem ao juiz. E, novamente, ela negou, apenas repetindo que preferia ficar em silêncio.

Ao ouvir a negativa, a senadora Kátia Abreu chamou Andressa de “mentirosa e cascateira”.

No fim do mês passado, Andressa foi levada à sede da Polícia Federal em Goiânia (GO) para prestar depoimento e teve de pagar fiança de R$ 100 mil para não ser presa. Ela foi acusada de tentar chantagear o juiz Alderico Rocha Santos, da 5ª Vara Federal, responsável pelo processo referente à Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira em fevereiro deste ano.  Segundo o juiz, Andressa Mendonça teria dito que divulgaria um dossiê com denúncias contra o juiz.

Para os procuradores do Ministério Público Federal em Goiás Léa Batista de Oliveira e Daniel de Resende Salgado, responsáveis pela operação Monte Carlo, Andressa estaria atuando como “mensageira do grupo criminoso” durante os encontros que mantém com marido. Agora, ela está proibida por ordem judicial de vê-lo.

“Eu não conheço de nada”

O segundo chamado para depor no dia, o policial aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto compareceu à CPI, mas também não respondeu às perguntas dos  parlamentares integrantes da comissão.

Thomé Neto disse apenas que por não ter envolvimento no caso não iria se manifestar. “Eu não fui denunciado nestes processos em nenhuma das duas operações. Eu não tenho nada para colaborar com nada. Eu não conheço de nada. Eu acho que foi por isso que o Supremo [Tribunal Federal] me deu esta prerrogativa”, disse, ao se referir ao habeas corpus que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar.

Em menos de cinco minutos, ele saiu e a reunião da CPI foi encerrada. Amanhã (8), mais duas testemunhas foram chamadas para depor: a ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio, e o contador Rubmaier Ferreira de Carvalho a partir das 10h15.

De acordo com a Polícia Federal, as empresas de Cachoeira estão no nome de Andréa, mas ainda sob o comando do contraventor, como a indústria farmacêutica de Goiás, Vitapan. E Carvalho é apontado pela PF como o responsável pela abertura de empresas de fachada para dar sustentação à rede do bicheiro.

Os dois também conseguiram no STF o direto de ficar calados durante o depoimento.

Para o presidente da CPI, o senador Vital do Rêgo, o silêncio dos depoentes não causou surpresa, mas frustração. “[O silêncio] não atrasa. Decepciona. Não avança [a CPI], mas nós temos um arsenal muito grande de material que possa servir para mostrar o caminho dos desvios que foram feitos pela organização criminosa”, avaliou o parlamentar.