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Marta toma posse como ministra pela segunda vez em governo petista, agora na pasta da Cultura

Marta Suplicy durante entrevista concedida em junho - Tércio Teixeira/Futura Press/AE
Marta Suplicy durante entrevista concedida em junho Imagem: Tércio Teixeira/Futura Press/AE

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

13/09/2012 06h00Atualizada em 13/09/2012 10h21

A ex-prefeita de São Paulo (2001/2004), ex-ministra do Turismo do governo Lula, a atual senadora pelo PT, Marta Suplicy (SP) toma posse nesta quinta-feira às 11h em cerimônia no Palácio do Planalto para o cargo de ministra da Cultura em substituição da cantora e compositora Ana de Hollanda, irmã de Chico Buarque.
 
A entrada de Marta foi oficializada na tarde desta terça-feira (11) pela ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, no Palácio do Planalto, depois de rápida reunião de Ana de Hollanda com a presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, Ana saiu sem conversar com a imprensa.
 
Ao falar pela primeira vez após a confirmação do Planalto, Marta, que ocupava a vice-presidência do Senado, se disse “surpresa” com a indicação e que ainda precisaria "estudar" os temas da pasta antes de definir as prioridades de sua gestão. A parlamentar evitou comentar as polêmicas que envolveram sua antecessora.
 
Entre as controvérsias que marcaram a presença de Ana no cargo estão a aprovação de um projeto de R$ 1,3 milhão para criar um blog de leituras de poesia feito por uma amiga; a cobrança da AGU (Advocacia Geral da União) por gastos dela em fins de semana no Rio de Janeiro sem compromissos oficiais e o recebimento de camisetas da escola de samba carioca Império Serrano, enviadas seis meses após o ministério zerar a inadimplência da agremiação.

O caso envolvendo a Império Serrano chegou ao Comissão de Ética Pública da Presidência da República que lhe pediu esclarecimentos, mas acabou arquivado, “por não se encontrar falta ética no episódio”, como esclareceu o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, em abril deste ano.
 
A entrada de Marta Suplicy é a 13ª mudança do governo Dilma Rousseff em seu quadro ministerial.
 
Desafios
 

Somente em 1985, o Ministério da Cultura passou a ter autonomia e se desligou do ministério da Educação, de onde era parte até então. Marta Suplicy assumirá uma pasta com orçamento afetado pelos cortes do governo federal, em torno de 15%, o equivalente a cerca de R$ 130 milhões.

O orçamento, inclusive, foi motivo de um último mal-estar entre a sua antecessora e o Ministério do Planejamento, em carta divulgada pelo jornal “O Globo”, no fim do mês passado. No documento, Ana de Hollanda apontava que  os cortes da pasta  “colocam em risco a gestão e até mesmo a existência de boa parte das instituições culturais”.
 
Em entrevista no Senado na última terça-feira (11), Marta Suplicy disse que assumirá o cargo como mais uma “missão” incumbida pelo partido. Ela negou que o convite para integrar a equipe de Dilma tenha qualquer relação como forma de “compensá-la” pelo apoio que tem dado ao candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.

Mudanças no governo

Somente neste ano, foram sete as trocas de ministro: o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) assumiu o ministério do Trabalho, com a saída de Carlos Lupi (PDT-RJ) em meio a denúncias de irregularidades; o também deputado Pepe Vargas (PT-RS) substituiu Afonso Florence (PT-BA), no ministério do Desenvolvimento Agrário, depois de críticas; o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) substituiu Luiz Sérgio (PT-RJ), na pasta da Pesca com vistas a maior  integração da bancada evangélica no governo; a socióloga Eleonora Menicucci substituiu Iriny Lopes (PT-ES) na Secretaria das  Mulheres para concorrer à prefeitura de Vitória; o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) assumiu o ministério das Cidades no lugar de Mário Negromonte (PP-BA), que saiu após denúncias de irregularidades; Aloizio Mercadante (PT-SP) foi para a pasta da Educação, porque Haddad foi concorrer em São Paulo e, no lugar de Mercadante, Marco Antônio Raupp assumiu a pasta de Ciência e Tecnologia.
 
Também saíram do governo Dilma: Antonio Palocci (Casa Civil), Pedro Novais (Turismo), Alfredo Nascimento (Transporte), Orlando Silva (Esporte), Wagner Rossi (Agricultura) e Nelson Jobim (Defesa).
 
Psicóloga e apresentadora de TV

Marta Suplicy assume um ministério pela segunda vez em um governo petista. Em 2007, na gestão de Lula, ela foi ministra do Turismo, mas saiu no ano seguinte, para concorrer à Prefeitura de São Paulo. Na ocasião, foi derrotada nas eleições por Gilberto Kassab. Já em 2010, foi eleita ao Senado Federal, onde ocupava o cargo de vice-presidente.

Para a cadeira de Marta no Legislativo,  assume o primeiro suplente, o vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP). Já para o posto de vice-presidente, o PT indicou Aníbal Diniz , que foi aprovado em plenário.
 
Formada em psicologia, Marta também foi deputada federal na década de 90 e prefeita da capital paulista entre 2001 e 2004. Tentou a reeleição, mas perdeu a disputa para José Serra (PSDB), que é novamente candidato ao cargo nas eleições deste ano.
 
Entrou recentemente na campanha de Fernando Haddad, que, segundo as pesquisas eleitorais, disputa a segunda colocação com o adversário tucano. Celso Russomano, do PRB, lidera as intenções de voto.

Nos anos 80, ela ganhou fama nacional por apresentar um programa de TV que falava sobre sexo. Marta manteve o sobrenome do ex-marido, o senador por São Paulo, o Eduardo Suplicy (PT), ela é mãe de três filhos, o advogado André e os cantores Eduardo (Supla) e João. Marta é também autora de nove livros e foi colunista dos jornais “Folha de S. Paulo” e “O Dia” e das revistas “Cláudia” e “Vogue”.