Um precursor do bolsonarismo explosivo desfruta da 'saidinha'
Críticos corrosivos da saidinha de presidiários, Bolsonaro e seus seguidores silenciam diante da concessão do benefício a George Washington de Oliveira Souza. Preso em 24 de dezembro de 2022, ele confessou ter planejado explosões em Brasília, para "instalar o caos" e provocar a "decretação de um estado de sítio" e uma "intervenção militar" às vésperas da posse de Lula.
Precursor do bolsonarismo explosivo, George Washington não foi autodestrutivo como o homem-bomba Francisco Wanderley Luiz, que se explodiu na frente do Supremo. Detonou sua ficha criminal, não o crânio. Queria mandar pelos ares um caminhão-tanque, não o próprio carro. Vivo, foi preso e condenado. Mas já desfruta do regime semiaberto. Na semana que vem, deve usufruir de sua primeira saidinha.
Gerente de posto de gasolina no Pará, George Washington aninhou-se no acampamento golpista do QG do Exército, em Brasília. Junto com dois comparsas, planejou detonar um par de bombas. Uma, desarmada pela Polícia Civil, explodiria um caminhão-tanque com querosene de aviação pela tampa, perto do aeroporto da Capital. Outra deixaria no escuro a cidade de Taguatinga, a cerca de 30 quilômetros do Planalto.
Graças à delinquência confessada, George Washington foi sentenciado pela Justiça do Distrito Federal a nove anos e oito meses de cadeia. Um castigo mais leve que a bola de ferro de 17 anos de reclusão imposta pelo Supremo Tribunal Federal aos réus mais encrencados no 8 de janeiro. No último mês de maio, após cumprir 16% da pena, obteve a progressão do regime fechado para o semiaberto. Pode deixar cadeia durante o dia para trabalhar ou estudar.
No mês passado, a juíza Francisca Mesquita, da Vara de Execuções Penais de Brasília, tornou George Washington beneficiário de duas saidinhas. A primeira tem início previsto para a semana que vem, de quinta-feira (21) até segunda-feira (24). A outra foi programada para o feriadão de Natal, de 23 a 27 de dezembro.
Prevista na Lei de Execução Penal, a saída temporária de presos do regime semiaberto mobilizou esquerda e direita no Congresso há seis meses. Trocaram tiros em torno do projeto que remodelou a lei. Numa trincheira, a ala dos direitos humanos. Noutra, a turma dos humanos direitos.
Diante do caso concreto, inverteram-se as preferências. O petismo e seus semelhantes talvez avalizassem um tratamento judicial mais draconiano para o golpismo de George Washington. O bolsonarismo prefere nem comentar.
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