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Leitura de relatório final da CPI do Cachoeira é adiada para amanhã

Do UOL, em São Paulo

21/11/2012 12h55Atualizada em 21/11/2012 13h32

O deputado Paulo Teixeira (PT- SP), vice-presidente da CPI do Cachoeira, suspendeu na manhã desta quarta-feira (21), a leitura do relatório final do deputado federal Odair Cunha (PT-MG) sobre a comissão que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos, funcionários públicos e empresários. O relatório final tem mais de 5.100 páginas e está disponível na página da comissão na internet.

Teixeira convocou uma reunião extraordinária para essa quinta-feira (22), às 10h15, depois que deputados pediram mais tempo para avaliar o relatório.

Alguns parlamentares criticaram o fato de que alguns membros teriam tido acesso ao relatório final antes da publicação. A crítica foi baseada na fala de Teixeira que elogiou a coragem do relator de colocar todos os investigados pela comissão no relatório final.

“Ele já faz uma análise do conteúdo do relatório que imagino já ter lido”, criticou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).

O deputado Sílvio Costa (PTB-PE) propôs que a CPMI do Cachoeira convoque o contraventor antes da leitura do relatório final do deputado Odair Cunha (PT-MG). “Se ele vier e não falar, podemos prendê-lo de novo”, disse Costa.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) concordou com a sugestão: “Passarinho canta dentro da gaiola. Quem sabe esse não fala do lado de fora”, disse, em referência ao fato de Cachoeira ter saído da prisão na madrugada de hoje. O contraventor já foi convocado pela CPMI, em maio, mas optou por não responder às perguntas.

Relator responsabiliza 46 pessoas

O relatório final responsabiliza 46 pessoas. Foi pedido o indiciamento de 34 pessoas, dentre elas o próprio Cachoeira, o ex-presidente da Delta Construções, Fernando Cavendish, e o jornalista da revista Veja e chefe da sucursal de Brasília, Policarpo Júnior.

Cunha recomenda a "responsabilização" de outras 12 pessoas, incluindo o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, e o prefeito de Palmas, Raul Filho, do PT.

Na segunda-feira, Cunha disse que trabalhou “arduamente na investigação do vasto material que recebeu da Polícia Federal e de órgãos como Banco Central e Anatel”.

Segundo o relator, foram analisadas 69.694 páginas referentes a sigilos bancários, 11.333 folhas relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas físicas e jurídicas e 45.594 páginas de extratos de ligações telefônicas, somando entre documentos, planilhas, fotos, vídeos, extratos, áudios e relatórios analíticos, um total de 1,1 terabyte de informação recebida.

A expectativa é que, depois da leitura, os parlamentares da comissão façam um pedido de vista – o que na prática adia a discussão e votação do relatório final – para que possam ter mais tempo para analisar o material.  O relatório de Cunha deve ser votado até o dia 22 de dezembro, último dia do ano legislativo e prazo final para o encerramento dos trabalhos da comissão.

Oposição

Ainda hoje, às 16h30, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Rubens Bueno (PPS-PR) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) entregarão um relatório paralelo ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Rubens Bueno lembrou que o relatório final de Cunha não pede o indiciamento do ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Luiz Antônio Pagot. “Mais de 70% dos recursos do Dnit em 2010 foram para a Delta. É preciso chamar a atenção da sociedade para o relatório, que parece um jogo viciado, de cartas marcadas”, afirmou

Ainda que o relatório da oposição não seja colocado em votação – porque a oposição é minoria – eles prometem levar ao MPF (Ministério Público Federal) essas informações como um complemento à representação feita pela PSDB no último dia 7 de novembro, que pedia a investigação do repasse de recursos da Delta Construções para empresas consideradas “laranjas”.

Diferentemente do que se espera do relator do deputado petista, os parlamentares da oposição deverão incluir no documento a ser encaminhado ao MPF um aprofundamento nas investigações do elo entre Cachoeira e os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB).

Soltura de Cachoeira

A juíza Ana Cláudia Costa Barreto, 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, expediu na noite desta terça-feira (20) um alvará de soltura para Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro no presídio da Papuda, em Brasília.

Cachoeira deixou o presídio da Papuda, em Brasília (DF), nos primeiros minutos desta quarta-feira (21) na companhia do sobrinho Fernando de Almeida Cunha que disse que o tio estava calmo quando saiu da penitenciária. "Estivemos com ele, que está tranquilo e feliz", comentou. Cunha que foi reeleito vereador no município de Anápolis (GO).

Na sentença dada pela juíza, Cachoeira foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelo envolvimento dele na operação Saint-Michel, deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal. Cachoeira já recorreu desta decisão. A apelação aparece no andamento do processo que corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

(Com Agência Câmara)