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Ministro nega problemas de Dilma com Igreja e diz que posição do governo sobre papa é de "respeito"

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

13/02/2013 16h37Atualizada em 13/02/2013 19h14

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou na tarde desta quarta-feira (13) que não houve “pressa” por parte do governo brasileiro para se manifestar sobre a renúncia do papa Bento 16.

ENTENDA O PROCESSO SUCESSÓRIO DO PAPA

Quando o chefe da Igreja Católica renuncia a sua função ou morre, seu sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, onde ficam isolados do mundo exterior.

Cinco cardeais brasileiros deverão participar do conclave que se reunirá para eleger o sucessor do papa Bento 16. Segundo a última lista do Vaticano, há um total de 116 cardeais aptos a votar no conclave.

Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite.

“O governo brasileiro não se apressou em fazer nenhum grande pronunciamento [sobre a renúncia do papa]. A nossa posição frente a esta decisão é uma posição de respeito, de reverência e um desejo muito forte que [Bento 16] possa continuar contribuir para a Igreja. [Há] um desejo muito forte de muita energia e muita luz na escolha do novo papa”, afirmou Carvalho durante o lançamento da campanha da fraternidade da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

“Não se pode ler os acontecimentos a partir de fala, as atitudes são mais importantes. Não vejo que outros governos da América Latina fizeram também”, afirmou Carvalho em referência à ausência de comentários de outros líderes latino-americanos.

“Não há nenhum problema nas nossas relações. Pelo contrário, tem sido a melhor possível estamos abertos, quando da chegada do novo papa, retomar a conversação e as relações no melhor nível possível com o governo da Santa Sé”, continuou Carvalho.

Em nome da presidente Dilma Rousseff, Carvalho negou que houvesse qualquer problema na relação do governo brasileiro com a Igreja Católica. Em 2010, durante a campanha eleitoral em que Dilma era candidata a presidente, a Igreja recomendou a bispos brasileiros que não votassem em políticos que defendiam o aborto.

"Os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas", recomendou o papa Bento 16 em 2010.

“Houve um episódio durante a campanha absolutamente superado. Não foi, ao nosso juízo, o conjunto da Igreja [Católica] que tomou a posição [de não votar em políticos que defendiam o aborto]. A presidente Dilma nunca se manifestou seja em público ou reservadamente nesta perspectiva.”

Segundo o ministro, a presidente vem cobrando dele que coordene o apoio do governo federal à  Igreja Católica na logística da Jornada Mundial da Juventude, que ocorrerá em julho deste ano no Rio de Janeiro.

Ao citar algumas atividades conjuntas do governo federal com a Igreja Católica, o ministro destacou que o “governo não deve ser submisso à Igreja Católica nem a Igreja deve ser submissa ao governo”. Ele classificou a relação com os católicos como “amistosa”.

Indagado sobre a possibilidade de o novo papa ser brasileiro, Carvalho disse que falaria mais “como cidadão do que como membro do governo brasileiro”. “É evidente que seria uma grande honra ter um papa da sua nacionalidade.”