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Senado encerra sessão por causa de protesto; senadores tentam negociar com ativistas

Do UOL, em Brasília

17/06/2013 20h57Atualizada em 17/06/2013 21h05

A sessão plenária do Senado foi encerrada por volta das 19h30 desta segunda-feira (17)  em virtude do protesto que chegou a invadir a laje do Congresso Nacional.

Os participantes da marcha começaram a se concentrar por volta das 16h perto do Museu da República e depois avançaram pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional. Um grupo invadiu o espelho d'água do Congresso, e muitos integrantes do movimento conseguiram furar o bloqueio da polícia e subiram por rampas laterais que levam até o teto do prédio, onde estão localizadas as cúpulas que representam a Câmara dos Deputados e o Senado.

A polícia legislativa do Senado pediu aos senadores Paulo Paim (PT-RS), Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Eduardo Suplicy (PT-SP) para se retirarem do Salão Negro, área que tem acesso à rampa do Congresso Nacional. Eles tentavam negociar com os manifestantes, sem sucesso.

De acordo com os policiais, o clima está “tenso” do lado de fora, com a presença de milhares de manifestantes que gritam palavras de ordem, como “a-ha, u-hu, o Congresso é nosso”, além de frases contrárias a políticos como José Sarney e Renan Calheiros, presidente do Senado.

O senador Paulo Paim (PT-RS) informou que nem conseguiu falar com os manifestantes. Já o senador Eduardo Suplicy dialogou para que não houvesse violência.

Entenda

A insatisfação que levou milhares às ruas em São Paulo e Rio de Janeiro nos últimos dias, em manifestações que resultaram em inúmeros atos de violência, depredação e confrontos com a polícia, vai além do descontentamento com a elevação na tarifa do transporte público. E no momento em que o Brasil está sob os holofotes às vésperas de receber grandes eventos internacionais, o movimento ganha corpo e se espalha por outras capitais do país.

Desde a semana retrasada, manifestantes, em sua maioria jovens e estudantes, têm protestado contra o aumento de 20 centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo --foi de R$ 3 para R$ 3,20. Autoridades descartam rever o preço e argumentam que o reajuste, inicialmente previsto para janeiro, foi postergado para junho e veio abaixo da inflação.

Para a professora Angela Randolpho Paiva, do Departamento Ciências Sociais da PUC-RJ, o movimento emana de uma insatisfação difusa de estudantes. "É um grupo de estudantes, inclusive estudantes de classe média que estão na rua num momento de uma catarse mesmo. Quer dizer, os 20 centavos foram estopim para muita insatisfação com o que está acontecendo, e tomara que usem essa energia para outros protestos."

"Eu diria que tem uma insatisfação quando você vê que esses eventos [Copa das Confederações e Copa do Mundo] têm prioridade número um na gestão pública. Todo dinheiro é gasto nisso", disse. "Uma coisa é certa, o poder das redes sociais. Isso não pode ser desprezado em hipótese nenhuma. Essa questão da passagem é muito inesperado ter tomado essa proporção", disse.

(Com Agência Senado)